A solidariedade e a ajuda humanitária parecem estar, nos dias que correm, sujeitas à submissão dos países necessitados às agendas geo-políticas dos estados «caridosos». A decisão do governo lituano toma contornos ainda mais incompreensivos quando confrontada com a posição aparentemente digna do delegado do Bangladesh às Nações Unidas.
Em causa está a abstenção do Bangladesh na votação da resolução com o título Agressão contra a Ucrânia, a 2 de Março, que «condena inequivocamente a intervenção militar da Rússia» nesse país do leste europeu. 34 outros países assumiram a mesma posição, que contou apenas com cinco votos contra.
A representação do Bangladesh reiterou o apoio do país a uma solução de paz para o conflito e o total respeito pela integridade territorial da Ucrânia, no entanto, a ausência de soluções concretas para travar a guerra no documento apresentado, ditaram o sentido de voto do país.
A decisão de apoiar este país do Sul Asiático, com cerca de 165 milhões de habitantes, com a maior densidade populacional do país, com 444 600 mil doses de vacina contra a Covid-19 tinha sido tomada no início dessa mesma semana. Uma solidariedade pouco duradoura, já que o resultado da votação determinou o cancelamento do apoio.
A decisão foi avançada pela Rádio e Televisão Nacional da Lituânia (LRT), entretanto confirmada pelo gabinete da primeira-ministra conservadora Ingrida Šimonytė. 53% da população bangladeshi já tem, neste momento, a vacinação completa, abaixo da média mundial. Morreram, até ao momento, 29 mil pessoas.