Nada surpreende na política neoliberal seguida pelo BCE alinhada com a ideologia dominante da União Europeia e Comissão Europeia. O BCE enquanto instituição não fiscalizada, anti-democrática, que impõe as suas directrizes como lhe apetece e subjuga os povos à miséria, tem, de acção para acção, demonstrado cada vez mais a sua natureza.
Se na última crise económica demonstrou uma enorme apreço pela austeridade e degradação das condições de vida dos povos com a retirada de direitos, a guerra na Ucrânia tem confirmado essas opções. Ao contrário de outrora, a crise era dificil de explicar, agora o início da escalada de inflação prende-se obrigatoriamente com a crise. Apesar desta evidência há economistas ultra-liberais que procuram inverter o ónus da culpa e afirmam que para conter a inflação é necessário conter a procura.
O BCE segue esta linha e tem fustigado os povos. O aumento das taxas de juro de referência são prova cabal de quem o BCE visa fustigar, tendo consciência que isso leva ao aumento da euribor, por exemplo.
Hoje, ao jornal japonês Nikkei, Christine Lagarde, presidente do BCE, disse que «[O BCE deve] ficar extremamente atento a esses riscos potenciais [factores que levam ao aumento da inflação]... em particular, em relação a aumentos salariais em vários países europeus». Ou seja, para Lagarde os trabalhadores são um bode expiatório.
Não foram os aumentos dos salários que provocaram a inflação, foi sim a guerra para a qual a União Europeia teve um grande contributo a dar no seu desenvolvimento. A guerra levou a problemas de oferta, mas levou também a grandes aproveitamentos como se observa nas margens de lucro da grande distribuição.
Num quadro em que tudo aumenta, em que a vida está mais cara, o que Lagarde diz, objectivamente, é que o BCE quer empobrecer os povos enquanto promove a acumulação de riqueza dos grandes capitalistas. Com o aumento das taxas de juro, a Banca tem anunciado lucros e essa nunca paga coisa alguma.
O BCE está a dizer aos trabalhadores que serão eles a pagar a factura de uma guerra que não é deles. São eles a pagar pela submissão da UE aos interesses dos EUA, em particular num conflito com a Rússia.