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Estivadores europeus e mediterrânicos fazem greve contra a economia de guerra

Com a jornada de luta de 6 de Fevereiro, vários sindicatos querem «garantir que os portos europeus e mediterrânicos são locais de paz e livres de qualquer envolvimento na guerra».

Porto do Pireu, na Grécia (imagem de arquivo) Créditos / nuevarevolucion.es

O «apelo a uma jornada internacional conjunta de acção nos portos» foi divulgado recentemente, no contexto da militarização crescente da Europa e na sequência do lançamento da declaração «Os trabalhadores portuários não trabalham para a guerra», firmada a 26 de Setembro, em Génova, por sindicatos de Itália, Grécia, Marrocos, Turquia e País Basco.

A iniciativa programada para 6 de Fevereiro visa repudiar qualquer tipo de cumplicidade no transporte de armas e outro material bélico, ao mesmo tempo que denuncia as consequências da economia de guerra para os direitos dos trabalhadores e a paz.

Na declaração que serve de base à jornada de luta – divulgada em várias línguas no portal usb.it –, os signatários reafirmam a vigência dos compromissos nela contidos, em que se incluem a exigência de pôr fim ao genocídio do povo palestiniano perpetrado por Israel – com o apoio aberto dos EUA, a NATO e a União Europeia (UE); a abertura de corredores humanitários estáveis; a oposição ao plano de rearmamento da UE e a reivindicação dos portos europeus e mediterrânicos como zonas de paz.

De acordo com a declaração emitida pelas estruturas sindicais, «o genocídio na Palestina continua, tal como muitas guerras», sendo agora evidente que «o plano de rearmamento requer a militarização dos portos e das infra-estruturas estratégicas necessárias para os preparativos de guerra».

«Estes planos de rearmamento são bem acolhidos pelos armadores e os operadores portuários, uma vez que representam um forte impulso no sentido da automatização, a redução do emprego e a erosão das liberdades sindicais», lê-se no texto.

Além disso – sublinham os sindicatos –, a economia de guerra está a reduzir os salários, os direitos e as protecções em matéria de saúde e segurança dos trabalhadores portuários, incluindo a redução do horário de trabalho.

Em defesa da paz e dos direitos dos trabalhadores

«"A paz acabou" é aquilo que ouvimos da maior parte dos nossos governos», denunciam os sindicatos. Neste contexto, anunciam que os estivadores e outros trabalhadores portuários de toda a Europa e do Mediterrâneo «se comprometem a manifestar-se e a fazer greve no dia 6 de Fevereiro, recorrendo a todas as formas de acção possíveis».

Os promotores querem garantir que os portos europeus e mediterrânicos sejam locais de paz, livres de qualquer envolvimento na guerra, e, nesse sentido, apelam ao bloqueio de todos os envios de armas dos seus portos para zonas de guerra.

Também declaram a sua oposição aos planos de militarização promovidos pela UE e os governos europeus, sublinhando a urgência de travar os projectos para militarizar portos e infra-estruturas estratégicas.

Os estivadores advertem que os planos de rearmamento são a porta de entrada para uma maior privatização e automatização dos portos, e alertam para os efeitos nefastos da economia de guerra nos seus salários, direitos e condições de saúde e segurança.

As organizações signatárias da declaração «Os trabalhadores portuários não trabalham para a guerra» transmitem o seu apelo a todos os sindicatos de estivadores europeus, mediterrânicos e do mundo que partilhem estas preocupações, e instam-nos a unir-se à jornada de protesto.

Até ao momento, aderiram a esta iniciativa as organizações sindicais USB (Itália), Enedep (Grécia), ODT (Marrocos), Liman-Is (Turquia) e LAB (País Basco).

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