Este sábado, houve protestos nos portos italianos de Olbia (Sardenha) e Brindisi (Apúlia) contra a vinda de cruzeiros provenientes de Israel (Haifa). Para os organizadores, a chegada destes navios a território italiano implica a «lavagem das atrocidades» que foram e estão a ser cometidas na Faixa de Gaza pela ocupação.
Em Olbia, na ilha mediterrânica da Sardenha, os activistas solidários com a Palestina concentraram-se na Praça Elena di Gallura para denunciar a chegada do Crown Iris – um navio de cruzeiro operado pela empresa israelita Mano Maritime, indica a Al Mayadeen.
A escala tinha sido cancelada meses antes, mas os organizadores afirmaram que a mobilização era necessária para garantir que a Sardenha não se tornasse «uma passagem segura para violadores do direito internacional».
Os manifestantes criticaram «distorção deliberada» que consiste em tentar apresentar o turismo israelita como apolítico, sublinhando que permitir a atracagem destes navios quando a agressão genocida à Faixa de Gaza continua significaria dar as boas-vindas a «potenciais criminosos de guerra».
Tensão em Brindisi
Em Brindisi, na costa do Adriático, a tensão foi bastante maior. Dezenas de activistas solidários com a Palestina, mobilizados pelo Comité contra o Genocídio dos Palestinianos, juntaram-se de madrugada para protestar contra a chegada e a atracagem do mesmo cruzeiro israelita.
Assim que o Crown Iris chegou, pelas 8h da manhã, os passageiros israelitas que desembarcavam entraram de imediato em choques verbais com os manifestantes, refere a fonte, aludindo a imagens de vídeo que mostram alguns passageiros a responder aos activistas com gestos obscenos, simulações de estrangulamento ou degolação, e avisos como «Não se metam com o povo israelita» e «Eu mato-te».
Os manifestantes, que exibiam faixas com inscrições como «Fora com os sionistas» e «Fim à cooperação com Israel», acusaram o navio de trazer «soldados israelitas a fazer-se passar por turistas».
A Polícia italiana acabou por intervir e separar os dois grupos, na sequência de uma pequena confusão mais acesa, que incluiu empurrões, gritos e cuspidelas.
As autoridades não deram conta de quaisquer ferimentos ou detenções relacionados com o episódio, que ilustra o mal-estar de grupos solidários com a Palestina com a normalização de relações com Israel, nomeadamente por via do turismo, num contexto em que Israel viola repetidamente na Faixa de Gaza o acordo de cessar-fogo celebrado no início de Outubro e intensifica a ofensiva contra a Cisjordânia ocupada.
De acordo com os dados divulgados pelas autoridades palestinianas este domingo, desde o início do cessar-fogo, a 10 de Outubro último, pelo menos 373 palestinianos foram mortos no enclave pela ocupação sionista e 970 ficaram feridos.
Desde Outubro de 2023, revela a Wafa, pelo menos 70 360 palestinianos foram mortos, na sua maioria mulheres e crianças, e 171 047 ficaram feridos como resultado da agressão genocida.
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