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Iémen: 19 milhões sofrem de insegurança alimentar, alerta Cruz Vermelha

Dois terços dos iemenitas estão em situação de insegurança alimentar, alertou um representante da Cruz Vermelha. A guerra e o cerco continuam mas o Iémen afastou-se do foco mediático.

Karima, uma criança iemenita de sete anos, vê a sua mãe a fazer pão 
Karima, uma criança iemenita de sete anos, vê a sua mãe a fazer pão Créditos / Programa Alimentar Mundial

Na sequência de uma visita recente ao mais pobre dos países árabes, Martin Schüepp, director de operações do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV), afirmou no Twitter que «cerca de dois em cada três iemenitas estão em situação de insegurança alimentar. Isso representa cerca de 19 milhões de pessoas».

«Mais não têm acesso a cuidados básicos de saúde. Apesar de tudo isto, o Iémen está muitas vezes fora do foco mediático», disse.

Durante a sua visita ao Iémen, Martin Schüepp pôde ver em primeira mão «como médicos locais, juntamente com pessoal do CICV, tratavam pessoas com ferimentos de bala numa unidade de emergência local» e teve a possibilidade de «falar com agricultores cujos rendimentos foram severamente afectados por anos de conflito».

A Arábia Saudita, com o apoio dos EUA, do Reino Unido e de outras potências ocidentais e regionais, lançou, em Março de 2015, uma agressão militar contra o Iémen, tendo como objectivo declarado suprimir a resistência do movimento Huti Ansarullah e recolocar no poder o antigo presidente Abd Rabbuh Mansur Hadi, aliado de Riade, sem sucesso.

A campanha militar, acompanhada por um cerco que privou o país dos bens essenciais, provocou milhares de mortos, feridos e deslocados, destruiu as infra-estruturas do mais pobre dos países árabes, espalhou a fome e disseminou doenças infecciosas, estando na origem daquilo que as Nações Unidas classificaram como a mais grave crise humanitária dos tempos modernos.

Para Martin Schüepp, a única via para a recuperação do Iémen reside na solução política do conflito. «O CICV está a abordar necessidades urgentes e a procurar soluções que tragam alívio a longo prazo», disse.

Estas afirmações seguem-se aos anúncios de aumento de cortes nas rações alimentares, no Iémen, feitos em Junho pelo Programa Alimentar Mundial (PMA), por não receber fundos suficientes, devido às condições económicas a nível global e aos efeitos colaterais contínuos da guerra na Ucrânia.

O PMA afirmou, então, que foi obrigado a reduzir, no país árabe, as rações de alimentos para 25% das necessidades diárias para oito milhões de pessoas e a cortar para metade o apoio a cerca de cinco milhões de pessoas, devido a falta de financiamento.

No final de Março, Achim Steiner, director do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), já alertara que o país árabe, devastado pela guerra, enfrentava uma «perspectiva extremamente preocupante».

Citado pela PressTV, o responsável pelo PNUD lançou o alerta ao afirmar que, «tendo em conta a realidade geopolítica mais vasta, o risco é que o Iémen seja em parte esquecido, e isso será obviamente uma tragédia».

O conflito na Ucrânia está a ter «repercussões na economia global» e isso «irá reduzir o alcance da solidariedade internacional para a cooperação internacional», disse Steiner.

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