Previa-se que a greve no sector da Energia, convocada pela Confederação Geral do Trabalho (CGT), tivesse uma duração de 48 horas, mas, segundo revelou um delegado da CGT à AFP, ontem à noite a paralisação foi suspensa nas instalações da TotalEnergies.
O objectivo, segundo foi indicado, é começar a preparar o terreno para a jornada nacional de greves e mobilização da próxima terça-feira, convocada pela chamada Intersindical e que deve unir todos os sectores de actividade na resposta à intenção do governo de aumentar a idade legal de reforma dos 62 para os 64 anos.
Uma sondagem recente do instituto Elabe para o canal BFM TV mostra que o descontentamento da população com a iniciativa se mantém elevado: quase três quartos dos inquiridos (72%) posicionaram-se contra o projecto do governo, que também aumenta o período de descontos para 43 anos e elimina os regimes especiais de pensões.
A greve de ontem, que teve adesão total ou muito elevada, nos portos, nas refinarias e nas centrais eléctricas, será parcialmente mantida esta sexta-feira, por inciativa da Federação de Minas e Energia da CGT, refere a France 24.
A RTE, empresa responsável pela segurança do abastecimento eléctrico, enviou mensagens aos grevistas para lhes lembrar que os cortes na produção comprometem essa segurança e o funcionamento da rede.
Mas, ao que parece, os trabalhadores em greve sabem da monda e, de acordo com a CGT, levaram a cabo uma série de acções «Robin dos Bosques» de Norte a Sul e de Leste a Oeste do país, para «intensificar o equilíbrio do poder» na luta contra a reforma das pensões.
Assim, por toda a França, «forneceram electricidade ou gás à borla» a escolas, habitações a custo controlado e hospitais, cobraram tarifas reduzidas às pequenas empresas e restabeleceram o serviço de energia aos utentes que tinham ficado privados dele.
O ministro do Trabalho, Olivier Dussopt, falou de «crimes» e fez ameaças contra as greves.
Sindicatos reafirmam oposição e apelam à mobilização
Entretanto, na passada quarta-feira, o movimento sindical unitário emitiu um comunicado em que reafirma a oposição ao projecto de reforma das pensões, que vai ser debatido na Assembleia Nacional.
«Esta reforma é tanto mais injusta quanto atingirá duramente todos os trabalhadores e, sobretudo, os que começaram a trabalhar cedo, os mais precários, mas também aqueles cujo ofício penoso não é reconhecido», alertam.
Valorizando a jornada de luta de 19 de Janeiro último, sublinham igualmente o apoio da população, com quase três quartos a declararem-se contra a reforma e dois terços a apoiarem as mobilizações.
Neste sentido, apelam ao reforço das iniciativas em toda a França contra um projecto «injusto e brutal», e que se baseia nas afirmações enganosas do governo segundo as quais o sistema está em perigo.
Para as organizações sindicais, as apostas devem ser outras, passando por políticas reais de emprego, a luta contra as desigualdades ou o acesso à formação profissional.
«As preocupações dos franceses, hoje, são o emprego, os salários e o poder de compra», sublinham, antes de apelarem à mobilização geral no próximo dia 31.