Além de Paris, onde ocorreu a maior manifestação – 50 mil manifestantes, de acordo com os sindicatos –, várias outras grandes cidades foram palco de mobilizações esta terça-feira, dia de greve geral convocada pela Confederação Geral do Trabalho (CGT), Force Ouvrière (FO) e Solidaires, e pelas organizações estudantis UNL e Unef.
Em comunicado, a CGT afirma que as mobilizações foram um «êxito», juntando em todo o país mais de 350 mil manifestantes, que participaram em mais de 150 acções a nível nacional, para exigir aumentos salariais, maior justiça social e fiscal, e denunciar as políticas do governo de Emmanuel Macron.
A jornada de luta «concretizou-se em inúmeras greves e acções nas empresas, nos Serviços, na Educação», sublinha a nota da CGT, para quem «ela ilustra a determinação dos trabalhadores, dos pensionistas, dos desempregados em fazer ouvir a sua voz e as suas reivindicações».
No apelo à mobilização, as organizações promotoras destacaram também a necessidade de aumentar «as pensões e as ajudas sociais», alcançar «a igualdade entre homens e mulheres, e um verdadeiro direito à educação e à formação».
Impacto na Educação
Os sindicatos destacam o carácter unitário das mobilizações e a adesão de trabalhadores à greve geral tanto no sector público como privado. No entanto, foi na admnistração pública e, sobretudo, no sector da Educação que se registaram maiores índices de adesão.
De acordo com os sindicatos, referidos pela Euronews, quatro em cada dez professores fizeram greve (o Ministério da Educação apontou para 24% de apoio à paralisação). Os trabalhadores do sector público opõem-se frontalmente à reforma laboral que Macron quer implementar e que, de acordo com a Euronews, prevê a eliminação de 120 mil postos de trabalho até 2022, a criação de um sistema com contratos mais curtos e remuneração baseada no mérito.
A jornada de greve ficou também marcada por impactos nos transportes e em diversos serviços públicos, informa a Prensa Latina, acrescentando que uma sondagem do instituto Odoxa mostrou um apoio de 73% dos cidadãos franceses à greve, que sobe para 88% entre os trabalhadores do sector público.
Defesa do sistema de pensões
A defesa do sistema de protecção social e de pensões também esteve na ordem do dia e mais ainda depois de, recentemente, a ministra da Saúde e da Solidariedade, Agnès Buzyn, ter afirmado que «um dia será preciso trabalhar mais, porque, de outro modo, o nosso sistema de pensões não aguentará».
As declarações, bem recebidas pelo patronato, mereceram forte contestação da parte das organizações sindicais, que insistem na valorização das pensões e dos salários, na aplicação do imposto sobre as grandes fortunas, na defesa do emprego, do sector industrial e da admnistração pública, com vista à «melhoria das condições de vida e de trabalho».
A CGT, que denuncia a forma como «o patronato e o governo ignoram a justa indignação» de trabalhadores, pensionistas e desempregados, acusa os primeiros de responderem com «a repressão e a restrição das liberdades», pelo que, defende a CGT, patronato e governo detêm «uma responsabilidade histórica» na actual «grande crise que o país atravessa».
A central sindical sublinha que está em causa, para além da defesa dos direitos dos trabalhadores, o «interesse geral das gerações futuras».