«Não há força no mundo que quebre a nossa união», dizia José Mário Branco. Os 20 mil trabalhadores ferroviários britânicos, filiados no sindicato National Union of Rail, Maritime and Transport Workers (RMT), são disso exemplo: aprovaram ontem, por larga maioria, a mais recente proposta apresentada pela Network Rail, a entidade pública que gere a ferrovia britânica e os contratos de concessão com as empresas privadas no sector.
Com uma participação de quase 90%, a proposta foi aprovada por 76% dos participantes, contra uma opinião negativa de 24%. Nesse sentido, o executivo nacional da RMT anunciou o fim da disputa labotal com a Network Rail.
As afirmações da empresa pública (na primavera de 2022, quando começou a disputa) acabam por ser um exemplo para os trabalhadores de todo o mundo. Quando o patronato e as administrações, do alto dos seus lucros recorde, dizem não ser possível aplicar aumentos salariais (neste caso, acima dos 3%), o mais provável é não ser verdade. Vale a pena lutar.
Um ano depois – um ano repleto de acções de luta, greves e piquetes – a Network Rail descobriu que tem todas as condições para comportar os custos de aumentos salariais entre 9,2 e 14,4% (para os salários mais baixos). Para além desta conquista, ficou garantida a suspensão dos despedimentos até 2025, pagamentos retroactivos e descontos nos preços dos comboios.
O caminho não está, ainda, caminhado. «A nossa disputa com as companhias de comboios continua e os nossos membros têm demonstrado a sua determinação em alcançar um melhor acordo com as catorze companhias» privadas que operam na Network Rail, afirmou Mick Lynch, secretário-geral do RMT.
Por enquanto, dado que as empresas privadas ainda não cederam, as greves de 30 de Março e 1 de Abril não foram desconvocadas: a luta vai mesmo continuar, com novo alento.
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