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As conclusões divulgadas este sábado pelo National Union of Rail, Maritime and Transport Workers (RMT) têm por base dados acessíveis ao público e os resultados de um inquérito que o sindicato realizou junto de 800 trabalhadores filiados, que laboram em empresas que prestam serviços de limpeza em regime de subcontratação.

O sindicato lembra que, ao abrigo dos regulamentos do Departamento de Transportes, as empresas privadas que exploram a ferrovia no Reino Unido são obrigadas a manter «elevados padrões de limpeza» nos comboios e estações.

No entanto, denuncia o RMT, existem «deficiências alarmantes» nos serviços de limpeza contratados a terceiros, sendo que seis em cada dez empresas não atingiram as metas anuais nos últimos dois anos.

De acordo com a pesquisa realizada junto de trabalhadores do sector subcontratados, dois terços dos 800 entrevistados acreditam que a situação é pior do que aquilo que vem a público, considerando que as inspecções são «superficiais».

Além disso, 75% referiram-se a um aumento da carga de trabalho e 85% a pressões para que aceitassem tarefas adicionais. Neste sentido, 80% afirmaram que «fazem atalhos» devido à «enorme pressão» a que são sujeitos.

Um modelo que antepõe o lucro privado à manutenção adequada

Na nota que publicou no seu portal, o RMT afirma que o actual modelo de subcontratação «antepõe o lucro privado para os accionistas à manutenção adequada da ferrovia».

A privatização da ferrovia fez com que serviços como a limpeza fossem contratados pelos operadores a empresas que também reclamavam uma fatia dos lucros da indústria, denunciou a estrutura sindical, que também acusou o Departamento dos Transportes de ter baixado os padrões às operadoras da ferrovia para que estas atingissem as metas.

A propósito do relatório, o secretário-geral do RMT, Mick Lynch, disse que é «vergonhoso o estado actual da nossa ferrovia».

«Apesar das obrigações contratuais, muitas operadoras de comboios não atingem os padrões básicos de limpeza, pondo em causa a segurança e a satisfação dos utentes», disse.

Lynch destacou ainda que «a exploração dos trabalhadores subcontratados e a degradação dos padrões de limpeza não podem ser toleradas».

O dirigente de um sindicato que há muito luta pela renacionalização da ferrovia no Reino Unido exigiu a responsabilização dos patrões das empresas que exploram o serviço de transporte de passageiros, bem como o retorno urgente dos serviços de limpeza à esfera interna.

Em seu entender, as actuais falhas nos serviços de limpeza não terão resposta enquanto continuarem a ser externalizados.