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Faleceu «Porota», vice-presidente das Mães da Praça de Maio

Mercedes Colás de Meroño, Porota, morreu esta quarta-feira, em Buenos Aires, com 95 anos. Dedicou boa parte da vida a lutar por memória, verdade e justiça para detidos e desaparecidos na ditadura militar.

Mercedes Colás de Meroño, <em>Porota</em>, teve uma vida marcada pela luta e a resistência 
Mercedes Colás de Meroño, Porota, teve uma vida marcada pela luta e a resistência Créditos / diariohoy.net

A presidente das Mães, Hebe de Bonafini, revelou que Porota, como era conhecida pelas suas companheiras, estava há vários meses doente e que, depois de ter fracturado a anca, nunca mais se recompôs. «Foi-se embora devagarinho. Todos os dias morria um pouco», disse Bonafini numa carta de despedida, na qual evocou também uma vida de luta e de sofrimento.

A vice-presidente da Associação Mães da Praça de Maio nasceu na Argentina em 1925, mas emigrou para Espanha em 1931, com a sua família, depois do golpe de Estado de 1930. O seu pai, José María Colás, era um pedreiro e anarquista navarro, natural de Lodosa.

De regresso à sua terra, José filiou-se na central anarquista CNT e, em Agosto de 1936 – durante a Guerra Civil espanhola –, foi fuzilado pelos fascistas. Mercedes era uma menina de 11 anos. Raparam-lhe a cabeça e «passearam-na» pela terra – como então fizeram a tantas outras raparigas e mulheres – como humilhação por ser filha de um «fuzilado vermelho».

Algum tempo depois, Porota conseguiu fugir de Espanha através de França e, juntamente com a sua mãe e irmão, regressar à Argentina. Ali, viria a casar com Francisco Meroño, um trabalhador têxtil, com quem teria a sua filha Alicia.

«A-li-cia» e «aqui não se vem para chorar, vem-se para lutar»

Esta viria também a militar em movimentos de esquerda e, em Janeiro de 1976, com 31 anos de idade, foi sequestrada e feita desaparecer pela ditadura argentina, como aconteceu a cerca de 30 mil pessoas no país austral.

Quando falava da sua filha, Porota costumava dizer às reportagens que lhe tinha chamado Alicia porque esse nome, ao ser dito, nos obrigava a sorrir: «Mirá, probá, A-li-cia», refere o diário Página 12.

Cartaz das Mães da Praça de Maio com Mercedes Colás de Meroño / @Miquel_R

Uma vez, contou que a primeira vez que foi à Praça de Maio, para se juntar aos protestos das mulheres que reclamavam o aparecimento dos seus filhos, comprou «um lenço dos que se usam para dançar», pô-lo na cabeça e sentou-se num banco.

Então, disse, aproximou-se de uma mulher que participava na manifestação e que lhe perguntou: «A ti quem te falta?». «Eu chorava e respondi-lhe "a minha filha" e ela disse-me "aqui não se vem para chorar, vem-se para lutar, por isso levanta-te e vamos"», recordou Porota, citada pelo Página 12, a propósito do desafio da luta colectiva que travam as Mães da Praça de Maio.

Como vice-presidente da Associação, manteve reuniões, juntamente com as suas companheiras, com líderes mundiais como Fidel Castro, Yasser Arafat, o subcomandante Marcos (em plena selva de Chiapas, no México), Lula da Silva, Evo Morales, Rafael Correa e Hugo Chávez, entre outros.

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