Num comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros, a Síria condenou a ingerência norte-americana nos assuntos internos da Nicarágua e expressou a total solidariedade com o povo e o governo do país centro-americano, alvo de «uma flagrante tentativa de intromissão da administração» dos EUA com o propósito de o «desestabilizar».
Na semana passada, o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos decretou sanções unilaterais contra quatro funcionários nicaraguenses: a coordenadora da Comissão de Economia Criativa, Camila Ortega Murillo; o presidente do Banco Central, Leonardo Reyes; o deputado Edwin Castro e o general de brigada Julio Rodríguez, informa a agência Prensa Latina.
A medida foi denunciada por Manágua como uma interferência de Washington nos seus assuntos internos, depois de o Ministério Público ter levado a cabo acções judiciais contra sete membros da oposição, pela alegada prática dos crimes de lavagem de dinheiro e de acções contra a soberania, de acordo com a Constituição e o edifício legal do país, segundo divulgaram as autoridades.
Venezuela repudia «política hostil» norte-americana
Num encontro que manteve em Caracas com a embaixadora da Nicarágua, Yaosca Calderón, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela, Rander Peña, denunciou a «agressão» de que o país centro-americano é alvo, para «instigar uma implosão social».
O diplomata questionou a pretensão da administração de Joe Biden de invalidar a «acção soberana de abrir investigações contra criminosos financiados pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid)», revelou o Ministério numa nota.
Num comunicado emitido dia 11, o governo venezuelano já tinha condenado as medidas punitivas, «uma nova expressão da soberba imperialista» que visa evitar que o Estado nicaraguense tome decisões soberanas para garantir a paz e a estabilidade nacional.
Também o ministro dos Negócios Estrangeiros de Cuba, Bruno Rodríguez, condenou as sanções impostas pelos Estados Unidos à Nicarágua e a «ingerência nos seus assuntos internos», tendo reafirmado a solidariedade para com o povo nicaraguense e o seu presidente, Daniel Ortega.
Em declarações à imprensa, o secretário-geral da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (ALBA), Sacha Llorenti, denunciou que as medidas impostas pelos EUA violam o direito internacional e a Carta das Nações Unidas, e classificou-as como «intervencionistas, abusivas e extraterritoriais».
Direito à soberania e autodeterminação
O governo da Nicarágua protestou há uma semana, de forma veemente, contra as sanções impostas ao país. Num comunicado, o executivo nicaraguense – alvo frequente de sanções norte-americanas – classificou as medidas como «ilegais, arbitrárias, coercivas e unilaterais», e defendeu o direito legítimo do país à soberania, à autodeterminação e à autodefesa «perante os Estados Unidos da América e qualquer outra entidade colonialista e neocolonialista».
«Esta nova violação da soberania da Nicarágua só confirma o que temos denunciado sobre o vendepatrismo e as pretensões e acções terroristas e usurpadoras, que desde a tentativa de golpe de Estado de 2018 se têm vindo a acentuar», lê-se na nota.
O Parlamento da Nicarágua aprovou uma resolução de condenação contra a ingerência dos EUA, sublinhando a legalidade das acções promovidas pelo Ministério Público contra os cúmplices e promotores do golpe.