Numa declaração à imprensa transmitida pela TV nacional na segunda-feira à noite, o ministro nicaraguense dos Negócios Estrangeiros, Denis Moncada, condenou «as acções intervencionistas norte-americanas contra países soberanos» através da Fundação Nacional para a Democracia (NED, na sigla em inglês), criada durante a presidência de Ronald Reagan (1981-1989) e conhecida pelo amplo historial de desestabilização em estados que não seguem os ditames de Washington.
Neste sentido, Moncada referiu-se às «operações de falsa bandeira para mudar governos democraticamente eleitos pela vontade popular» e deu como exemplo a tentativa de golpe de Estado de 2018 na Nicarágua, «na qual a NED financiou com dezenas de milhões de dólares organismos da chamada sociedade civil, ONG, direitos humanos, meios de comunicação da extrema-direita e grupos terroristas para derrubar» o governo sandinista.
O diplomata destacou o facto de os Estados Unidos e países que designou como «seus aliados subordinados» estarem a ver em perigo «o domínio unipolar», com o surgimento de países emergentes que alargam e consolidam um mundo multipolar.
«Perante essa realidade preferem destruir o mundo, exterminar povos e governos que não alinham com Washington, pondo em acção os seus instrumentos de agressão», em que se inclui a NED, disse Moncada, citado pelo portal el19digital.com.
Elencando vários países que resistiram às campanhas de desestabilização, a golpes de Estado e revoluções coloridas «financiadas, armadas e dirigidas pelo governo dos Estados Unidos através da NED e outros organismos norte-americanos», o ministro nicaraguense recordou que a NED interfere desde os anos 80 do século passado com os assuntos internos de diversos países do mundo, tendo destinado verbas multimilionárias para a criação de condições de desestabilização e golpistas, e para sabotar a acção de governos soberanos e legítimos.
«A NED é conhecida como a segunda CIA (Agência Central de Inteligência) e foi um instrumento dos Estados Unidos para realizar acções terroristas, criminosas e golpistas em países da Ásia, África, América Latina, Caraíbas, Médio Oriente e Europa de Leste», acrescentou.
«O governo da Nicarágua denuncia e condena o governo dos Estados Unidos e as potências ocidentais que transgridem o direito internacional e a convivência pacífica para impor governos neofascistas e neocoloniais», afirmou, para insistir que Washington recorre à NED para implementar acções terroristas e desestabilizadoras, que têm como alvo «os governos constitucionais, as democracias populares directas e participativas que avançam contra a pobreza, [pelo] bem comum e a paz».
Ao ler a declaração, Moncada fez igualmente referência ao «genocídio e crimes contra a humanidade cometidos pelo governo de Israel, o sionismo internacional e os seus aliados contra o povo palestiniano».
Nesse sentido, afirmou que «o Ocidente colectivo ameaça e põe em crise a existência pacífica dos povos e governos independentes, dignos e soberanos, a segurança e a paz internacional», e sublinhou que «a diversidade humana e o respeito mútuo devem continuar a ser defendidos pelos povos e governos que amam a paz, o progresso, o futuro de convivência e o bem comum partilhado pela humanidade que exige o fim do genocídio na Palestina e o reconhecimento dos estados em convivência pacífica».
O diplomata frisou ainda que actualmente a NED, enquanto braço intervencionista dos Estados Unidos, destina grandes verbas ao financiamento de programas contra a China, nomeadamente na execução de actividades separatistas e na promoção de acções para minar a segurança política e a estabilidade social em províncias e regiões autónomas do país asiático.
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