|Líbano

Exército libanês confirma que israelitas mataram jornalistas da Al Mayadeen

O Exército do Líbano confirmou a responsabilidade israelita no crime contra uma equipa do canal pan-árabe Al Mayadeen, afirmou o presidente do Conselho de Administração da rede, Ghassan Ben Jeddou.

Farah Omar, de frente na imagem, fez uma reportagem em directo minutos antes de ser assassinada por um míssil israelita no Sul do Líbano 
Créditos / Prensa Latina

Ao receber esta sexta-feira, por via telefónica, as condolências do Comandante do Exército libanês, general Joseph Aoun, Ben Jeddou agradeceu à instituição castrense pelo seu apoio e pela investigação de campo que realizou, concluindo que Israel foi responsável pelo assassinato da correspondente Farah Omar, do operador de câmara e fotógrafo Rabih al-Ma’amari e do colaborador Hussein Akil.

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Jornalista da Reuters assassinado por Israel no Líbano

Issam Abdallah, repórter de imagem da Reuters, sedeado em Beirute, foi a única vítima mortal de um ataque das forças de ocupação israelitas no sul do Líbano, ferindo outros seis jornalistas da Reuters, Al Jazeera e France-Presse. 

Issam Abdallah, jornalista libanês ao serviço da Reuters, foi morto num ataque das forças de ocupação de Israel que feriu outros seis jornalistas. Na foto, tirada a 11 de Fevereiro de 2023, Abdallah cobria os efeitos do terramoto em Maras, na Turquia 
Créditos / Reuters

O repórter de imagem estava, no momento em que o ataque de artilharia israelita o atingiu, a fazer um livestream (reportagem em directo) com os colegas Thaer Al-Sudani e Maher Nazeh, da agência Reuters. Fora do campo de visão, a câmara ainda transmitiu os momentos seguintes à explosão, em que, segundo a Business Insider (a Reuters removeu o vídeo pelo seu conteúdo gráfico) uma mulher grita «o que é que aconteceu!» e «não consigo sentir as minhas pernas».

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Jornalista da Al Jazeera morta a tiro durante ataque israelita a Jenin

A jornalista palestiniana Shireen Abu Akleh faleceu esta quarta-feira, depois de ser atingida com um disparo na cabeça, quando cobria um raide das forças israelitas em Jenin, no Norte da Cisjordânia ocupada.

A jornalista palestiniana Shireen Abu Akleh (imagem de arquivo) 
Créditos / WAFA

O Ministério palestiniano da Saúde afirmou em comunicado que Abu Akleh, repórter da Al Jazeera de 51 anos, foi levada de urgência para um hospital próximo, onde faleceu.

Ali Samoudi, produtor da mesma cadeia televisiva, foi atingido a tiro nas costas e encontra-se em situação estável, segundo referiu o ministério.

Em declarações à agência WAFA, Samoudi disse que se encontrava com Abu Akleh e outros jornalistas nas escolas do campo de refugiados de Jenin, e que todos usavam coletes à prova de bala com a indicação «imprensa» quando foram atacados por soldados israelitas.

O produtor da Al Jazeera acusou as forças israelitas de os terem atingido de forma premeditada, na medida em que sabiam que todos os que se encontravam naquele local eram jornalistas e que ali não havia elementos armados ou confrontos.

Desta forma, Samoudi desmentiu as declarações de um responsável do Exército israelita a uma rádio em que negava qualquer responsabilidade dos militares na morte da jornalista.

Também a jornalista Shatha Hanaysha, que estava perto de Abu Akleh quando esta foi atingida, confirmou que os soldados israelitas dispararam contra eles, mesmo estando bem identificados.

Palestinianos denunciam assassinato

Governo palestiniano, partidos políticos e diversas organizações condenaram os factos ocorridos em Jenin.

O primeiro-ministro, Mohammad Shtayyeh, afirmou que Abu Akleh foi morta «quando exercia o seu dever jornalístico de documentar os crimes horrendos cometidos pelos soldados da ocupação contra o nosso povo».

O Ministério dos Negócios Estrangeiros acusou Israel de ter atingido Abu Akleh e Ali Samoudi de forma «intencional e deliberada», e relacionou o facto com a implementação da política do governo israelita de matar a tiro os palestinianos.

Por seu lado, o responsável da pasta dos Assuntos Civis, Hussein al-Sheikh, disse que «se voltou a cometer o crime de silenciar a palavra, e a verdade é silenciada por balas da ocupação».

Responsáveis da Al Jazeera manifestaram-se «chocados e tristes», e o chefe do canal nos territórios ocupados, Walid al-Omari, afirmou que aquilo que se passou em Jenin «foi um assassinato premeditado por parte do Exército de ocupação».

Em Janeiro deste ano, a WAFA afirmou que, em 2021, foram registadas 384 situações de abuso por parte das forças israelitas contra jornalistas que trabalhavam nos territórios ocupados da Palestina.

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O trabalho destes jornalistas estava, também, a ser exibido em directo na GloboNews, canal de televisão do Grupo Globo, do Brasil, que registou o momento em que o ataque israelita vitimou estes profissionais (o vídeo divulgado por esta estação corta logo depois do impacto).

Também dois jornalistas da Al Jazeera (Elie Brakhya e Carmen Joukhadar) e dois jornalistas da France-Presse (Christina Assi e Dylan Collins) foram feridos pelo ataque de Israel. Numa outra gravação, divulgada nas redes sociais, é possível ver um homem a tentar ajudar uma jornalista (sinalizada com um colete a dizer «Press») estendida no chão, enquanto um carro arde a pouca distância.

Até ao momento, o Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ) já identificou 10 jornalistas mortos em bombardeamentos indiscriminados de Israel nos últimos dias (Abdallah ainda não está incluído). Dois jornalistas da BBC denunciaram, na sexta-feira, as agressões e ameaças de que foram alvo por parte da polícia israelita, tendo sido arrastados, com violência, de um carro que estava devidamente identificado como pertencendo à comunicação social.

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Durante a chamada, o general manifestou a solidariedade com a Al Mayadeen, todos os jornalistas assassinados e todos os trabalhadores da comunicação social que estão no terreno, refere o canal árabe – que já deixou claro que não se deixa intimidar.

Ao mesmo tempo, uma delegação do Exército do Líbano, liderada pelo brigadeiro-general Hussein Ghaddar, e incluindo vários oficiais, dirigiu-se à da Al Mayadeen, em Beirute, para prestar condolências pela morte de Farah, Rabih e Hussein, que faleceram na sequência de um ataque israelita, na passada terça-feira, quando estavam a trabalhar na localidade de Tayr Harfa (Sul do Líbano).

O assassinato da equipa da Al Mayadeen segue-se à decisão tomada pelo gabinete militar e de segurança de Netanyahu a 13 de Novembro de encerrar a actividade do canal pan-árabe em territórios ocupados.

Queixa junto do Conselho de Segurança da ONU

Na quarta-feira, o governo libanês apresentou uma queixa junto do Conselho de Segurança das Nações Unidas pelos «crimes israelitas contra jornalistas da Al Mayadeen», pela «flagrante violação do direito internacional» e da «soberania do Líbano», refere a Prensa Latina.

Cerimónia fúnebre, na sede da Al Mayadeen em Beirute, a 22 de Novembro de 2023, de dois jornalistas mortos por Israel; o operador de câmara Rabih al-Mama'ari foi sepultado num subúbio do Sul de Beirute; Farah Omar foi a enterrar na sua terra natal, Machghara (Vale de Beqaa) / Al Mayadeen

No texto de acusação, o Ministério libanês dos Negócios Estrangeiros incluiu provas de que as forças de Telavive «cometeram o crime dentro do território libanês e a grande distância da Linha Azul na fronteira com a Palestina ocupada».

O documento afirma, em simultâneo, que «o crime israelita representa um ataque contra civis e jornalistas quando desempenham a sua nobre missão informativa», e destaca que a entidade sionista «segue uma abordagem criminosa ao atacar e assassinar jornalistas na tentativa de impedir que os meios de comunicação transmitam a imagem do seu genocídio».

Para a próxima terça-feira, está marcada para a sede da Al Mayadeen, em Beirute, uma cerimónia oficial de homenagem a Farah Omar, Rabih al-Ma’amari e Hussein Akil, em que participarão familiares, colegas, autoridades do país mediterrânico, representantes políticos e de outras organizações.

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