Um relatório divulgado no passado dia 27, com base na monotorização e documentação da Comissão das Liberdades do sindicato, refere que «os ataques a famílias de jornalistas palestinianos se tornaram um padrão sistemático e recorrente nos anos de 2023, 2024 e 2025».
Dos bombardeamentos resultaram as mortes de pelo menos 436 familiares em 2023, 203 em 2024 e 67 em 2025, precisa o documento, sublinhando que «todos os indicadores confirmam que estes ataques não são incidentes isolados decorrentes das condições de guerra».
O material verificado pelo SJP permite concluir que os ataques perpetrados pela ocupação foram sistemáticos e assumiram múltiplas formas – bombardeamento directo das suas casas; ataque a campos de deslocados onde as famílias dos jornalistas procuraram refúgio após a destruição das suas casas; bombardeamento de zonas conhecidas por acolherem jornalistas e seus familiares.
Nalguns casos, refere a Comissão das Liberdades, famílias inteiras foram aniquiladas, «transformando o jornalista numa testemunha viva da destruição da sua família».
«Apesar da deslocação forçada e da vida em tendas e abrigos, estes números significam que centenas de crianças, mulheres e idosos foram mortos por causa da ligação profissional de um familiar ao jornalismo, em flagrante violação de todas as normas humanitárias e legais», denuncia o texto.
«Mudança qualitativa no comportamento da ocupação»
No entender da Comissão das Liberdades do SJP, estes ataques às famílias de jornalistas «representam uma mudança qualitativa no comportamento da ocupação a três níveis»: a família passa a ser um instrumento de pressão e punição colectiva; a ocupação passa a mensagem de que o trabalho jornalístico não é apenas perigoso para o trabalhador da imprensa, mas para todo o seu meio social e familiar; a ocupação procura destruir «o ambiente de apoio aos media» e levar à «erosão da protecção social para os profissionais».
Neste contexto, o sindicato afirma que «a situação escalou para uma dimensão mais perigosa e brutal, visando familiares de jornalistas, numa clara tentativa de transformar o trabalho jornalístico num fardo existencial, cujo preço é pago pelos filhos, esposas, pais e mães».
O caso mais recente apontado pelo sindicato ocorreu há poucos dias, quando foram encontrados o corpo da jornalista Hiba al-Abadla, o da sua mãe e os de 15 membros da família al-Astal, quase dois anos depois dos ataques aéreos israelitas à sua casa, a oeste de Khan Younis.
«Um crime que não será esquecido»
Para Muhammad al-Lahham, responsável da Comissão das Liberdades do sindicato, a ocupação israelita «está a travar uma guerra abrangente contra a verdade, sem fazer distinção entre a câmara e a criança, ou entre a caneta e o lar».
Al-Lahham denunciou que o padrão de ataques israelitas a famílias de jornalistas palestinianos entre 2023 e 2025 «revela claramente a tentativa da ocupação de silenciar a voz palestiniana» no enclave e que «o sangue das famílias permanecerá como testemunho vivo desse crime».
«Atacar as famílias dos jornalistas é um crime que não será esquecido», afirma a texto da Comissão, sublinhando que «a ocupação tem total responsabilidade legal por estes crimes» e que «o silêncio internacional encorajou a continuidade destas violações».
Neste sentido, o SJP exige uma investigação internacional independente; acção urgente de todas as organizações de direitos humanos e dos trabalhadores a nível local, regional e internacional; protecção internacional aos jornalistas palestinianos e às suas famílias, e a inclusão destes crimes em processos judiciais internacionais.
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