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Estudantes italianos exigem melhor educação e fim do trabalho precário

Milhares de estudantes mobilizaram-se em dezenas de cidades italianas em protesto contra a degradação do ensino público e as mortes recentes de dois estudantes em acidentes durante estágios.

«Não à escola dos patrões» foi o lema da jornada de luta promovida por diversas organizações em Itália 
«Não à escola dos patrões» foi o lema da jornada de luta promovida por diversas organizações em Itália Créditos / Peoples Dispatch

Dezenas de milhares de estudantes manifestaram-se em mais de 40 cidades italianas, na passada sexta-feira, em protesto contra o sistema de educação pública e a negligência institucional a que é sujeita a juventude.

O foco central dos protestos, que terá mobilizado cerca de 200 mil estudantes em todo o país transalpino, foi o programa de estágios obrigatórios para os estudantes do ensino secundário, imposto em 2015. No mês passado, dois deles – Lorenzo Parelli, de 18 anos, e Giuseppe Lenoci, de 16 anos – morreram em acidentes de trabalho quando realizavam esses estágios, informa o Peoples Dispatch.

As mortes de ambos geraram grande indignação entre os estudantes, que já tinham sido fortemente afectados pela crise associada à pandemia de Covid-19 e se tinham vindo a manifestar em todo o país, nos últimos meses, para exigir escolas mais seguras, maior investimento na educação pública, transporte público gratuito, entre outras garantias de vida e educação dignas.

Com o lema «Não à escola dos patrões», os estudantes também expressaram a sua oposição às políticas de educação pública que estão a ser implementadas sob a influência das grandes empresas lideradas pela Confederação Geral da Indústria Italiana (Confindustria). Em várias cidades, os estudantes dirigiram-se para as sedes do governo, dos partidos políticos com representação e da confederação patronal.

Em muitos locais, o governo de Mario Draghi recorreu às forças de segurança e à repressão para responder a esta onda de protestos e reivindicações dos estudantes, que reclamaram o fim dos estágios obrigatórios, a demissão do primeiro-ministro Draghi, do ministro da Educação, Patrizio Bianchi, e da ministra do Interior, Luciana Lamorgese.

Estágios precários

De acordo com a reformas escolar de 2015, para completar o ensino secundário, os estudantes italianos têm de fazer um estágio obrigatório e passar um número mínimo de horas de ensino (entre 200 e 400 por ano) a trabalhar, sem salário, em empresas privadas.

Alguns especialistas observaram que, sete anos volvidos sobre a implementação destes estágios obrigatórios – que, segundo o governo, visavam aumentar a experiência de trabalho dos estudantes e a sua probabilidade de encontrar um emprego após a graduação –, nada mudou para estudantes e jovens trabalhadores. Inclusive, no final de 2021, a taxa de desemprego entre os jovens italianos com menos de 25 anos aumentou, atingindo quase 30%.

Lorenzo Lang, secretário nacional da Frente da Juventude Comunista (FGC), afirmou que «este movimento estudantil levanta uma questão política muito clara: o sistema de trabalho escolar alternativo é feito de exploração, falta de direitos e segurança».

«Tem de acabar. Foi preciso esperar pelas mortes para se entender isto? Não se pode colar as competências pedagógicas às necessidades das empresas, não se pode continuar com o modelo de negócio-escola. Exigimos a demissão imediata de Bianchi e Lamorgese», disse.

De acordo com algumas fontes, as manifestações de dia 18 reuniram mais de 200 mil estudantes / Peoples Dispatch

Na sequência da mobilização de sexta-feira, a Oposição Estudantil Alternativa (OSA) afirmou que «as praças expressaram a indignação que já não procura compromissos com este modelo de escola e sociedade, que expressa um mal-estar geral que nós, estudantes, vivemos há demasiado tempo».

«Num clima de incerteza e de falta de perspectivas, há também ventos de guerra a soprar na Europa, demonstrando que os nossos governos não têm em conta as nossas necessidades, mas têm perspectivas de agravar a nossa condição», denunciou.

Além da FGC e da OSA, aderiram à mobilização nacional a Federação Juvenil Comunista Italiana (FGCI), os Jovens Comunistas (GC), o Potere al Popolo e a Unione Sindicale di Base, entre outras organizações. Diversos partidos e estruturas sindicais manifestaram apoio e solidariedade à jornada de mobilização.

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