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Em numerosos comentários e opiniões que proliferam a propósito da situação actual nos territórios da Palestina conhecidos como Israel, sobretudo depois das grandes manifestações em curso contra o governo, existe a convicção de que o problema único é o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Isto é, uma vez que este se demita ou seja demitido, a crise ficará resolvida e tudo regressará à paz do senhor com a continuação da metódica limpeza étnica dos palestinianos.

Puro engano, piedosa ilusão. Nada voltará a ser como dantes no chamado «Estado judeu».

A dedução é objectiva e resulta da inevitável realidade que um dia teria de chegar: a terrível batalha existencial ideológica e religiosa que se trava no interior do sionismo – a doutrina racista e supremacista em que assenta o Estado de Israel – entre os sectores seculares e os religiosos fundamentalistas; ou «entre a lei do povo» e a «lei de Deus», nas palavras significativas, embora simplistas, de uma participante numa das recentes gigantescas manifestações em Telavive.

A «lei do povo» é a falácia em que tem assentado historicamente o Estado de Israel, desde a sua fundação como colónia ocidental na Palestina para garantir o controlo imperial em todo o Médio Oriente. Uma falácia em que propagandisticamente viveu o próprio sionismo na fase inicial após o nascimento, no final do século XIX e início do século XX, quando o fundador oficial da doutrina, o judeu austríaco e asquenaze Theodor Herzl, a proclamou como um sistema secular e de inspiração política europeia (a que hoje se chama liberal); e que tinha como tarefas mobilizadoras «o regresso (dos judeus) à Terra Prometida» porque a Palestina mais não era do que «uma terra sem povo para um povo sem terra».

Esta é, desde o início, a contradição fatal do sionismo: entre a propaganda secular que prevaleceu mitologicamente como única até 1925; e a essência autêntica e, de facto, original da doutrina expansionista, o seu cariz religioso e fundamentalista exposto pelo conceito bíblico de «Terra Prometida» e consequente ocupação de uma «terra sem povo» ou, em termos quantitativamente mais objectivos, um território abusivamente povoado por bárbaros e incivilizados. Em boa verdade, o sionismo nasceu desde logo contaminado pela inevitabilidade religiosa, apenas tacticamente escondida.

Todos os primeiros chefes do governo desde a fundação do Estado de Israel incarnaram esta dualidade inconsistente dizendo-se seculares em política e religiosos na vida pessoal, ambiguidade indispensável para garantir a fachada de respeito pelas normas das democracias ocidentais, como por exemplo a separação entre a Igreja e o Estado, imprescindível para a tentativa de credibilizar a já tão estafada proclamação como «única democracia no Médio Oriente». Ou, como garante hoje o primeiro-ministro Netanyahu, enquanto procede à sangrenta solução final dos palestinianos, para assegurar «a defesa da civilização ocidental» na região.

«Em boa verdade, o sionismo nasceu desde logo contaminado pela inevitabilidade religiosa, apenas tacticamente escondida.»

 

Merece uma curta reflexão o facto de esses dirigentes políticos israelitas, esmagadoramente asquenazes e colonos, por serem de origem europeia, terem o cuidado de se declarar religiosos. Esta é a única premissa que assegura indubitavelmente o seu judaísmo, porque o semitismo de muitos desses europeus provavelmente é residual ou nulo. Caso contrário, se desdenhassem o factor religioso pessoal, estaríamos então perante mais um traço da caricatura de antissemitismo imposta como versão oficial e que serve a Israel para acusar todo o resto do mundo de ser antissemita. Assim sendo, os próprios pais fundadores não seriam semitas nem religiosos, falsificando à partida o cariz judaico do novo Estado e denunciando à vista desarmada o seu papel exclusivo e artificial de colónia dos poderes ocidentais no Médio Oriente.

Início do fim do «sionismo secular»

A falácia fundadora do sionismo sobreviveu muitas décadas desde a instauração do Estado, enquanto se desenvolvia a continuada colonização dos territórios árabes, um processo ilegal só possível graças à tolerância e cumplicidade da ONU, dos Estados Unidos e dos países envolvidos na integração europeia: primeiro nos territórios atribuídos à população árabe através do acordo de partilha aprovado em 1948 pelas Nações Unidas; a partir de 1967 e da chamada Guerra dos Seis Dias, nas regiões palestinianas de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Leste ocupadas nessa altura, permitindo a instalação de colonatos em vastas áreas roubadas pelo regime sionista à população original. Nas quais habitam agora quase 700 mil judeus fundamentalistas fanáticos oriundos de todo o mundo, a esmagadora maioria sem quaisquer raízes étnicas na Palestina. 

Esta brutal e massiva violentação demográfica, desde sempre com o cariz de uma limpeza étnica, como estava escrito, feriu de morte a falácia do sionismo secular. O sionismo real, fascista, ferozmente racista e segregacionista, que tem no horizonte a expulsão de todos os palestinianos, tomou o poder ao longo das décadas mais recentes e aí pretende ficar eternamente «por vontade de Deus», respeitada e cumprida por intermédio de «profetas» autodidactas e terroristas que se consideram por ele mandatados para garantirem o seu papel justiceiro na Terra aplicando à letra a mitologia aterradora do Velho Testamento. 

Netanyahu é somente mais um pião deste processo de transformação do carácter do Estado, mesmo que o papel de chefe do governo desempenhado quase em exclusivo durante os últimos 30 anos lhe tenha dado um natural relevo, porém sobreavaliado em relação ao seu peso real na envolvente fundamentalista religiosa que hoje gere Israel. Herdou a missão do pai, Benzion Netanyahu, por sua vez secretário pessoal e um dos principais discípulos ideológicos de Volodymyr Jabotinsky, o ucraniano que foi colaborador de Mussolini e em 1925 provocara o grande cisma entre o sionismo secular oportunisticamente proclamado à nascença e o designado «sionismo revisionista» por ele fundado. Esta variante do colonialismo extremista sob cobertura «hebraica» inspira o fanatismo político-religioso que prevalece no actual governo e tem como  objectivo criar uma teocracia – o primado da «Lei de Deus». Mantendo, naturalmente, a missão de defender a civilização ocidental no Médio Oriente. Não é de somenos o facto de esta tendência fanática ter enorme representatividade no interior do Congresso Mundial Judaico e ser apoiada sem restrições práticas pelo regime dos Estados Unidos e os organismos não democráticos que definem as políticas da União Europeia.

Vozes que antevêem a catástrofe

Ehud Barak, um dos mais experientes políticos israelitas, primeiro- ministro de um governo do início do século que praticou uma repressão selvática sobre o chamado Segundo Intifada palestiniano e foi o último chefe do Partido Trabalhista como organização política influente, tem uma opinião relevante sobre os acontecimentos em curso. «Sob o manto da guerra», diz, «está a decorrer um golpe governamental e constitucional sem que um tiro seja disparado; se o golpe não for interrompido transformará Israel numa ditadura dentro de semanas – Netanyahu e o seu governo estão a assassinar a democracia». O caminho proposto pelo agora dirigente «centrista» é «fechar o país por meio da desobediência civil em grande escala 24 horas por dia e sete dias por semana».

Opinião bem mais contundente e avançada, e também alarmante, tem o general Moshe Ya'alon, ex-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas e ex-ministro da Defesa: 

«Um culto escatológico e raivoso está a ditar a lei em Telavive, o quartel-general da construção genocida e colonial da comunidade dos colonos; este processo é completado com uma enorme milícia vigilante, ou milícias interligadas de centenas de milhares de colonos armados até aos dentes, incontroláveis e preparados para qualquer coisa, até atacar os militares e o Estado».

Um «ex-director do Mossad» citado pelo jornal Haaretz põe mesmo em causa o futuro do chamado «Estado judaico» dizendo que se ganhar a forma de «um Estado racista e violento não poderá sobreviver; e provavelmente já é tarde demais».

«Um Mein Kampf ao contrário»

Ao acompanhar a rede mediática globalista dir-se-á que o actual governo israelita é composto apenas pelo primeiro-ministro Netanyahu e pelos ministros das Finanças, Bezalel Smotrich, e o ministro da Segurança, Itamar Ben-Gvir, estes dois considerados benevolamente como «de extrema-direita», quando na prática, mais não são do que terroristas nazis.

Smotrich é um colono chefe do Partido Nacional Religioso que nega a existência do povo palestiniano, «constituído por sub-humanos». No cadastro tem várias acusações de atentados terroristas, inclusive contra as autoridades sionistas.

Itamar Ben-Gvir  é filho de uma judia curda iraquiana que integrou o grupo terrorista Irgun, braço fundador do exército de Israel nascido nas fileiras de Mussolini e historicamente dirigido pelo ex-primeiro-ministro Menahem Begin. Chefia a organização Otzmar Yehdiut, igualmente de «extrema-direita» e herdeira do movimento proibido Kach do ícone fascista Meir Kahane, um terrorista norte-americano nascido em Nova York, onde cometeu vários atentados pelos quais foi condenado a um ano de prisão, cumprido num hotel. Instalou-se depois em Israel para lutar pela expulsão de todos os palestinianos da Palestina, foi preso pelo menos 60 vezes por atentados terroristas e eleito membro do Knesset (Parlamento).

Smotrich e Ben-Gvir não integram o Conselho de Guerra, chefiado igualmente por Netanyahu, mas conseguem intervir no seu funcionamento com uma influência que já provocou a demissão de «moderados», como o ex-primeiro-ministro Benny Gantz.

O triunvirato governamental informal tem como mentor o rabino David Liar, chefe de um movimento «clandestino» judaico que defende a construção do Terceiro Templo na Esplanada das Mesquitas (Monte do Templo para os sionistas) depois de arrasar a mesquita de Al-Aqsa e a mesquita da Cúpula do Rochedo de onde, segundo a tradição, o Profeta Maomé subiu aos céus. Este espaço religioso situado no centro da Cidade Velha de Jerusalém é o terceiro lugar sagrado do Islão, a seguir a Meca e Medina. O rabino Liar pretende igualmente incendiar todos os autocarros de Jerusalém. De acordo com a sua estratégia, o objectivo é instaurar um clima de terror susceptível de provocar a «Última Guerra», o conceito bíblico do Armagedão. Um louco inspirando ministros loucos. Para o primeiro-ministro Netanyahu, porém, o rabino David Liar é «a unidade de elite que lidera Israel».

Diz o general Moshe Ya'alon: «Tudo isto corresponde ao conceito de supremacia judaica, um Mein Kampf ao contrário, e tem influência no processo de decisão do actual governo de Israel». O ex-chefe do Estado Maior qualifica este quadro como uma manifestação de «demência cósmica do projecto sionista» e que vai «muito além do facto de o Estado ter perdido o controlo da extrema-direita», ao ponto de ser governado por ela. 

Esta facção do sionismo é preponderante na acção da AIPAC, o principal lobby israelita nos Estados Unidos, com um poder que elege presidentes; o que explica o facto de Netanyahu ter sido aplaudido 58 vezes por congressistas de todas as tendências durante o recente discurso feito no Congresso de Washington e no qual proferiu pérolas oratórias como «não há lugar para a violência política nas democracias».

A situação crítica a que chegou o Estado de Israel, que colocou meios de destruição massiva nas mãos de dementes sem um pingo de racionalidade, para quem o Armagedão ou Juízo Final é um determinismo bíblico no qual o «povo eleito», o hebraico, sobreviverá, assenta num compromisso político entre o Likud de Netanyahu e os partidos terroristas de Smotrich e Ben-Gvir. O acordo de governo prevê a criação de uma força militarizada autónoma, tudo indica que de colonos, na Cisjordânia ocupada; e de uma Guarda Nacional, além do reforço das tropas no policiamento das fronteiras. Este novo aparelho militarizado estará globalmente sob a responsabilidade de Ben-Gvir, o que implica uma substituição da tutela que, por norma, pertence ao Ministério da Defesa.

Ao abandonar o Conselho de Guerra, Benny Gantz denunciou que «as forças de Ben-Gvir passam a constituir um exército privado que conta com a lealdade de centenas de milhares de colonos vigilantes controlados pelo rabino David Liar e influenciados pela figura de Jabotinsky; por isso lhe chamam "o exército Jabotinsky"».

«A situação crítica a que chegou o Estado de Israel, que colocou meios de destruição massiva nas mãos de dementes sem um pingo de racionalidade, para quem o Armagedão ou Juízo Final é um determinismo bíblico no qual o "povo eleito", o hebraico, sobreviverá, assenta num compromisso político entre o Likud de Netanyahu e os partidos terroristas de Smotrich e Ben-Gvir.»

 

 

Não é difícil prever que uma guerra civil fatal para o próprio Estado pode estar no horizonte no caso de a limpeza étnica dos palestinianos ser suspensa por uma hipotética e remota ressurreição da «solução de dois Estados», ainda que seja invocada como um inócuo pretexto para uma não menos hipotética, e presentemente irrealista, declaração de cessar-fogo em Gaza levada a sério pela parte israelita. Cobrindo todas as hipóteses, no caso de, ainda assim, o «processo de paz» continuar presente no cínico vernáculo diplomático, o terrorismo dos colonos já pôs a Cisjordânia a ferro e fogo, acelerando a limpeza étnica.

Os Estados Unidos e a União Europeia, no entanto, insistem na defesa meramente verbal da «solução de dois Estados» sabendo com toda a certeza que não poderá ser aplicada, a não ser que eles próprios acabem com a tolerância e a cumplicidade para com as práticas israelitas, válidas e activas até quando estas são conduzidas, como agora, pela demência religiosa do sionismo «revisionista», aplicando à letra as tenebrosas ficções bíblicas do Antigo Testamento. Os Estados Unidos e União Europeia fazem, sem dúvida, o jogo do nazismo sionista tal como acontece com o nazismo-banderismo ucraniano – em ambos os casos em nome da «democracia» e para salvaguardar a existência «da civilização ocidental». 

Por isso, quando o lusitano Paulo Rangel, cônsul de turno do Departamento de Estado norte-americano em Lisboa, afirma que Portugal só reconhecerá o Estado Palestiniano quando a União Europeia o reconhecer em bloco, mais não faz do que falar de política externa para imbecis de igual calibre. Por todas as razões e mais uma: Rangel sabe muito bem que não terá de se confrontar com essa decisão – para ele contranatura –  porque os 27 jamais conseguirão a unanimidade sobre esse assunto, ainda que algum dia, improvavelmente, cheguem a abordá-lo a sério.

No rasto da «opção Sansão»

Há exactamente 30 anos, no auge do «processo de paz» e nos dias em que Yasser Arafat visitava os territórios palestinianos, incluindo a cidade de Jericó e Gaza, assisti em Jerusalém Oeste a uma manifestação de colonos contra qualquer hipótese de paz e de instauração de um Estado Palestiniano. Era ainda, e tão só, uma ocasional manifestação de força global dirigida contra o primeiro-ministro Isaac Rabin e encabeçada por Benjamin Netanyahu e outro criminoso de guerra, Ariel Sharon, o carniceiro do Líbano.

Observando o ódio e, sobretudo, a expressão de uma violência capaz de tudo manifestada pelos colonos que nesse dia fizeram transbordar a grande avenida, que significativamente tem o nome de Jabotinsky, fiquei com a certeza de que a colonização e a insistência no seu desenvolvimento eram as principais armas para mudar a relação de forças política no sentido do extremismo sionista – e assim bloquear o «processo de paz». Menos de um ano depois, demonstrando que essa vertente sionista não olha a meios, os colonos e o terrorismo religioso assassinaram o primeiro-ministro Rabin e franquearam as portas do governo a Netanyahu e Sharon, situação que dura até hoje sob a chefia do primeiro. Iniciou-se aí, é possível deduzir actualmente, o «golpe governamental e constitucional» de que fala o general Moshe Ya'alon. E o «processo de paz», insuficiente desde o início, transformou-se num nado-morto.

Perante o terrorismo sem freios do actual governo israelita é impossível não evocar a tresloucada «opção Sansão» idealizada pela mentalidade doente do sionismo «revisionista». Além do novo aparelho militarizado «oficial» de Ben-Gvir, os cerca de 700 mil colonos estão organizados em milícias armadas «privadas», fortemente reforçadas desde os acontecimentos ainda muito mal explicados de 7 de Outubro de 2023. Os colonos armados representam um pouco menos de 10% da população israelita, à qual devem retirar-se, porém, os 20% de origem palestiniana, submetidos à condição de cidadãos de segunda, o que dá um peso real de 12% à colonização terrorista militarizada.

O governo tem assim um outro poderosíssimo exército informal do seu lado, contribuindo para um imenso e intratável corpo de forças armadas, público e privado, muito mais militante e mobilizado, sob comando dos ministros terroristas, do que as próprias Forças de Defesa de Israel, em constante perda de confiança devido às insuficientes prestações frente ao Hamas e às duas humilhantes derrotas já sofridas às mãos do Hezbollah libanês.

Este cenário encoraja ainda mais os delinquentes partidários da «opção Sansão», que se pode resumir numa frase sinistra proferida há já 35 anos por Ariel Sharon numa entrevista ao semanário britânico The Observer: «no caso de sermos atacados mais depressa acaba o mundo de que Israel»; a expressão inspira-se em versículos do profeta Ezequiel segundo os quais «os que se rebelam contra Deus são hostis ao seu povo», os hebreus; quando Gogue (rei simbolizando «os inimigos») «atacar Israel o meu furor (de Deus) será despertado», mas «os filhos de Israel serão vencedores da batalha do Armagedão» ou do Juízo Final. 

A designação de «Opção Sansão», à luz do «Livro dos Juízes» do Velho Testamento, conduz-nos ainda para a hipótese de «suicídio» de Israel, se for necessário para «acabar com o mundo», citando Sharon, no caso de o país ter de enfrentar um ataque que represente uma ameaça existencial. De acordo com a lenda, Sansão, juiz de Israel, provocou a própria morte ao usar a sua força para derrubar uma coluna de um templo dos filisteus em Gaza, esmagando todos os ocupantes no correspondente desabamento do edifício. Os filisteus, povo de «bárbaros incivilizados» segundo a leitura sionista do Antigo Testamento – há coisas que nunca mudam em três mil anos – eram os «inimigos de Israel», que governaram territórios na orla mediterrânica onde se situam cidades ao sul da actual Telavive como Asquelom, Ecron e Gaza. Os seus domínios faziam fronteira com os Estados de Israel e de Judá desde 1100 anos antes de Cristo, existindo uma situação de guerra permanente na região. Em traduções portuguesas da Bíblia, Filisteus e Palestinos são sinónimos, pelo que, simbolicamente, Sansão suicidou-se para esmagar os inimigos palestinianos.

O governo actual de Israel, intérprete de uma doutrina que pretende sequestrar o judaísmo e o resto do mundo de acordo com delírios de grandeza divinos e extraterrenos, como reconhecem experientes ex-dirigentes israelitas, ameaça a vida no planeta com recurso a instrumentos bem reais e exterminadores como são as armas nucleares em seu poder. E no planeta nada acontece para o travar. Pelo contrário, aqueles que continuam a achar-se com o direito, também mais ou menos sobrenatural, de governar o mundo cultivando a guerra e asfixiando o conceito de paz, continuam a dar-lhe a mão (e as armas) e a caminhar a seu lado – o que, em boa verdade, faz todo o sentido, ainda que ameace a vida de oito mil milhões de pessoas.

E, por favor, não acreditem em milagres: a simples queda de Netanyahu como primeiro-ministro é o mesmo que tentar curar um cancro terminal com uma aspirina.