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Alfabetização continua a avançar no Panamá com método cubano

Com o programa de alfabetização «Muévete por Panamá», que se apoia no método «Sim, eu posso», um grupo de mulheres reclusas aprendeu a ler e a escrever, informou o Ministério do Desenvolvimento Social (Mides).

Um grupo de mulheres reclusas no Panamá aprendeu a ler e a escrever graças ao método «Sim, eu posso» Créditos / Mides

Só no Centro Feminino de Reabilitação mais de 40 reclusas aprenderam a ler e a escrever graças a esta metodologia inovadora, que foi criada pela pedagoga cubana Leonela Inés Relys Díaz (1947-2015).

Numa nota divulgada este domingo, o Mides dá conta de uma cerimónia para celebrar a formação destas estudantes, na qual lhes foi entregue um certificado e um livro de leitura, «símbolos de uma conquista que lhes abre um novo caminho».

Desde a sua criação, em 2007, o programa «Muévete por Panamá» alfabetizou 83 800 pessoas no país centro-americano, refere o texto.

«Só no último ano, 1342 cidadãos participaram nesta iniciativa, incluindo 831 mulheres», acrescenta.

«Um antes e um depois»

Ao receber o seu certificado de formação, Yesenia Degracia, de 36 anos e oriunda da província de Darién, disse que esta conquista marca «um antes e um depois na sua vida», pois durante anos sentiu-se marginalizada e envergonhada por não poder ler e escrever.

Nunca foi à escola porque a sua mãe não achava que fosse importante. «Aos cinco anos, enquanto as outras crianças descobriam cores e brincadeiras, ela assumia tarefas domésticas», refere a nota.

Agora celebra aquilo que sente como uma segunda oportunidade e diz sentir-se feliz por tudo o que aprendeu: «Agora, posso ler tudo o que me rodeia, e isso significa muito. Quando sair, quero ir para a escola», frisou.

No centro penitenciário, o ensino esteve a cargo de Rebeca Vargas, reclusa de 22 anos que se tornou professora voluntária e assumiu o desafio de motivar as suas companheiras.

Para Marijulia Barría, coordenadora do programa de alfabetização do Mides, estas histórias reflectem o impacto transformador da iniciativa.

As regiões com mais inscritos são Panamá (250), Chiriquí (194), Ngäbe-Buglé (149) e Colón (144), indicou a responsável.

Actualmente, o programa «Muévete por Panamá» desenvolve-se em 139 comunidades educativas de todo o país, onde 466 pessoas aprendem a ler e a escrever, sob a orientação de 120 professores voluntários, divulgou-se na cerimónia, à qual assistiu o assessor cubano do projecto, Eugenio González.

De acordo com o Mides, a taxa de analfabetismo no Panamá tem vindo a diminuir de forma sistemática. Se, em 1990, 10,7% da população era analfabeta, em 2023 esse número foi reduzido para 3,7% (dados dos Censos da População e Habitação realizado pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos).

Quase 11 milhões de alfabetizados em 30 países com método cubano

O método de ensino «Yo sí Puedo» (Sim, eu posso) foi criado por um grupo de pedagogos cubanos, liderados por Leonela Relys Díaz, que desenvolveram uma campanha de alfabetização pela rádio no Haiti em 2001, e que foi posteriormente adaptada a diferentes realidades sociais e línguas.

De então para cá, quase 11 milhões de pessoas em 30 países aprenderam a ler e a escrever com esta ferramenta de ensino, que permitiu a vários países do continente serem declarados livres de analfabetismo pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).

Pelos seus excelentes resultados, o programa recebeu o Prémio Unesco de Alfabetização 2006 Rei Sejong, que foi atribuído ao Instituto Pedagógico Latino-americano e das Caraíbas, com sede em Cuba.

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