As decisões da reunião do Conselho Europeu, reunido nos dias 26 e 27 de Junho, confirmam as preocupações de quem denuncia que a Europa está a caminhar para o abismo. Da nova reunião saiu o já antecipado: o compromisso da União Europeia com o prolongamento da guerra na Ucrânia, ignorando vias diplomáticas para uma solução política.
Na realidade, a reunião foi uma extensão da recente Cimeira da NATO, o que revela o carácter cada vez mais militarista de um projecto que se apresenta como paz, mas desenvolve-se no sentido de assumir contornos político-militares. Neste sentido, o Conselho Europeu reforçou a posição da União Europeia como «braço europeu» da aliança militar, destinando mais fundos públicos à indústria bélica, beneficiando, sobretudo, o complexo industrial-militar norte-americano.
A meta de destinar 5% do PIB europeu aos gastos militares representa uma ameaça à paz e um desvio de recursos que poderiam ser aplicados em serviços públicos, habitação, saúde e educação. Em Portugal, essa medida significaria um gasto de 14,245 mil milhões de euros, quase 10,7% do Orçamento do Estado para 2025, valor comparável às verbas da Saúde ou da Educação.
Enquanto milhões de europeus enfrentam salários baixos, pensões insuficientes, degradação dos serviços públicos e dificuldades no acesso à habitação, o Conselho Europeu não apresentou qualquer proposta para combater estas crises. Em vez disso, priorizou a «competitividade», ou seja, a flexibilização de direitos laborais e a remoção de barreiras regulatórias para favorecer grandes empresas multinacionais.
Já sobre o genocídio na Palestina, o Conselho Europeu manteve a cumplicidade, limitando-se a apelos vazios sem acções concretas. Apesar dos discursos sobre a «revisão» do Acordo de Associação UE-Israel, não houve suspensão do deste, perpetuando o apoio económico a um regime acusado de crimes de guerra. Além disso, o Conselho legitimou as agressões dos EUA e de Israel contra o Irão, contribuindo para a escalada de tensões na região, com riscos imprevisíveis.
Do Governo português, como seria de esperar, não houve nada mais que a anuência reveladora de subordinação. Luís Montenegro alinhou na «fortíssima preocupação» sobre Gaza, defendeu um mercado único de energia semelhante ao mercado ibérico e aceitou todas as imposições relativas ao aumento dos gastos na Defesa.
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui