Em declarações proferidas pelo presidente, Gerardo Lugo Segarra, e pelo secretário-geral, José R. Castillo Morales, o partido porto-riquenho disse condenar «a intervenção criminosa do governo dos Estados Unidos da América do Norte na irmã República das Honduras».
Ambos os dirigentes do Partido Nacionalista de Porto Rico-Movimento Libertador defendem que, deste modo, Washington se propõe aplicar «a sua clássica receita», ao traçar, pagar e desenvolver um novo golpe de Estado, desta vez contra o governo constitucional de Xiomara Castro.
Para esta organização política, que chegou a ser liderada pelo advogado e líder independentista porto-riquenho Pedro Albizu Campos – que passou mais de 25 anos na cadeia e a quem chamaram «O último Libertador da América» –, «a corajosa resistência hondurenha conseguiu recuperar-se com grande sacrifício, depois do doloroso golpe cometido em 2009» contra o então presidente Manuel Zelaya.
«Condenamos com firmeza a ingerência da embaixada ianque nas Honduras, que, com a cumplicidade de meios corporativos, nacionais e internacionais, procura pôr em risco a paz e a segurança da República, para derrubar o seu governo socialista democrático e submetê-lo aos seus interesses», afirmaram os dirigentes em declarações enviadas à Prensa Latina.
Acrescentaram que os nacionalistas porto-riquenhos estão solidários com o governo do Partido Libre das Honduras e a sua presidente, Xiomara Castro, e instam a comunidade internacional a impedir que os inimigos do mundo e os seus lacaios, traidores e vende-pátrias prevaleçam com mentiras sobre a vontade e soberania das nações livres da nossa América.
«Laura Dogu sempre se mostrou intervencionista nas Honduras»
Em conversa telefónica este domingo com a Prensa Latina, a propósito dos últimos acontecimentos políticos nas Honduras em que está envolvida a diplomata norte-americana, o analista político Mauricio Hernández afirmou que ela sempre se mostrou contra todas as políticas de mudança que a presidente Xiomara Castro quis implementar.
«Ou seja, Dogu posicionou-se quando se quis renegociar contratos no âmbito da energia eléctrica, que é um dos pilares do executivo para recuperar essa empresa; contra a Lei da Justiça Tributária, bem como em questões de política internacional, como no caso da agressão israelita na Palestina; isso também a incomodou», disse Hernández.
O analista político hondurenho e militante do Partido Liberdade e Refundação (Libre) referiu-se às mais recentes acções políticas nas Honduras depois de Dogu realizar comentários sobre uma visita à Venezuela do ex-ministro da Defesa e do chefe das Forças Armadas hondurenhas, José Manuel Zelaya e Roosevelt Hernández, respectivamente.
Hernández considera que a atitude da embaixadora não é um acaso e que tudo estava «bem premeditado», porque tinham na calha um golpe contra o líder das Forças Armadas, como passo prévio ao golpe de Estado, que foi denunciado pela chefe de Estado.
Neste sentido, Mauricio Hernández disse que, no panorama político hondurenho, havia indícios que apontavam para o golpe, com sectores da oposição a exigirem abertamente a demissão da presidente da República.
Em seu entender, por trás do processo de desestabilização orquestrado a partir da Embaixada de Washington em Tegucigalpa, o que existe é uma tentativa de articular um plano de todos os sectores conservadores.
Disse ainda que, se é um facto que as igrejas não se pronunciaram, não estranharia que algumas cúpulas o fizessem a qualquer momento.
Na semana passada, a presidente Xiomara Castro afirmou que o seu governo é do povo e mostrou-se disposta a continuar a defendê-lo, apesar das tentativas de desestabilização no país.
Castro apelou à unidade dos militantes do partido Libre e à organização do povo para defender a democracia, a soberania e a dignidade das Honduras.
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