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CGT exige protecção para os trabalhadores face à vaga de calor em França

No contexto da nova onda de calor em França, a Confederação Geral do Trabalho (CGT) denuncia que o patronato não está sujeito a «medidas verdadeiramente vinculativas» que protejam os trabalhadores.

Créditos / cgt.fr

A situação dos trabalhadores expostos a temperaturas extremas preocupa a central sindical francesa, que sublinha que «as ondas de calor se repetem, intensificam e prolongam por períodos cada vez mais longos, de Maio a Outubro», sem que a intervenção do poder político «seja suficiente».

Neste contexto, a CGT, que classifica as ondas de calor como «uma realidade estrutural», aponta as «conclusões claras» da avaliação da canícula de 2024, levada a cabo pela Direcção-Geral do Trabalho, com base em 1717 intervenções da inspecção do trabalho.

O estudo referiu a existência de «condições de trabalho severamente degradadas, mesmo sem alertas meteorológicos», e registou 11 acidentes graves relacionados com o calor, incluindo sete mortes.

A este propósito, a CGT lembra que, na passada segunda-feira, um homem de 35 anos morreu numa obra de construção civil, depois de ter desmaiado.

«Enquanto o patronato olha para os números e o clima se deteriora, os trabalhadores sufocam», denuncia a organização sindical, lembrando que as entidades patronais devem implementar diversas medidas para reduzir os riscos relacionados com o calor extremo.

Entre outras, a CGT refere a implementação de processos de trabalho que reduzam ou eliminem a exposição ao calor; a adaptação dos locais de trabalho, e a adaptação dos horários de trabalho de modo a limitar a duração e a intensidade da exposição e proporcionar períodos de descanso.

Lembra igualmente a necessidade de aumentar a quantidade de água potável disponível aos trabalhadores; de fornecer equipamentos de protecção individual que limitem os efeitos das altas temperaturas, e de implementar um protocolo de emergência para os trabalhadores que trabalham sozinhos.

Medidas do governo «insuficientes»

No seu portal, a central sindical afirma que as medidas impostas pelo decreto governamental de 25 de Maio ao patronato «não respondem às urgências» e sublinha que o Instituto Nacional de Riscos Profissionais estabelece como «perigoso» o trabalho físico exposto a temperaturas acima dos 28 °C e o trabalho sedentário acima dos 30 °C.

A CGT alerta também para a «subnotificação crónica» dos acidentes de trabalho, bem como para «as pressões económicas na indústria da construção» e noutros sectores, que «dificultam o reconhecimento dos acidentes de trabalho e ocultam riscos bem reais».

No contexto da vaga de calor, exige medidas concretas, que devem ser reforçadas nos casos dos trabalhadores fragilizados pela idade ou por doenças crónicas, e sublinha que a luta vai continuar.

«O governo não pode continuar a ignorar a realidade do trabalho. Esta questão não deve ser arquivada assim que a onda de calor abrandar», declara a central sindical.

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