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Ben, fundador da Ben & Jerry's, detido em protesto contra genocídio em Gaza

Ben Cohen, co-fundador de uma das mais conhecidas marcas de gelado do mundo, a Ben & Jerry's, foi ontem detido (com 6 outras pessoas) por interromper, em protesto, uma sessão do Senado norte-americano.

CréditosSamuel Corum

«O Congresso [norte-americano] compra bombas para matar crianças pobres em Gaza e paga por isso retirando o direito à Medicaid de crianças nos EUA», gritou Ben Cohen, de 74 anos e origem judaica. A sua intervenção, e a de seis outros manifestantes, interrompeu uma sessão do Senado na qual participava o Secretário da Saúde e Serviços Humanos, Robert F Kennedy Jr. A Medicaid é um seguro, público, acessível a pessoas com muito poucos recursos.

Cohen foi acusado de um crime menor enquanto os restantes manifestantes foram acusados de agressões a um polícia e de resistir à detenção. Num vídeo publicado pelo próprio, nas suas redes sociais, dá para ver os manifestantes a serem arrastados com grande brutalidade para fora da sala. Horas depois, voltou a afirmar: «a destruição e o massacre de famílias que vivem em Gaza, financiados pelo nosso governo, são um ataque à justiça e à decência comum».

Não é uma posição nova. Em Março, Ben Cohen, numa entrevista com Katie Halper, tinha defendido que o que se passava na Palestina «não é uma guerra, é um massacre. Não creio que haja uma grande diferença entre alguém ser morto por uma bomba ou ser morto numa câmara de gás». Um ano antes, em 2024, foi um dos subscritores de uma tomada de posição de judeus americanos contra a AIPAC, a organização de lobby israelita que financia as campanhas de centenas de políticos democratas e republicanos.

Em 2021, Ben Cohen apoiou a decisão da Ben & Jerry's de cessar imediatamente a venda de qualquer um dos seus produtos em territórios palestinianos ocupados na Cisjordânia. Entre outras acções, o empresário norte-americano já tinha, anteriormente, sido detido num protesto em Julho de 2023 pela libertação do jornalista Julian Assange e, mais recentemente, foi alvo de fortes críticas por contestar o envio de armamento para a Ucrânia: «os EUA deviam usar o seu poder para negociar o fim da guerra e não prolongar a morte e a destruição fornecendo mais armas».

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