Depois de os corpos serem encontrados sem vida, esta quarta-feira, num campo congelado da aldeia de Paşaköy, no distrito turco de İpsala, o ministro do Interior da Turquia, Süleyman Soylu, acusou a Grécia de ser responsável pela «tragédia», afirmando que os guardas fronteiriços gregos expulsaram os migrantes.
«Doze dos 22 migrantes expulsos pelos serviços fronteiriços gregos, aos quais foram tiradas as roupas e os sapatos, morreram devido ao frio. A UE [União Europeia] não tem remédio, é fraca e desprovida de humanidade», escreveu o ministro no Twitter.
O responsável partilhou ainda imagens esborratadas de oito dos corpos recuperados, alguns dos quais em calções e T-shirts. Nesta altura do ano, as temperaturas, à noite, descem até aos 3º C ou 2º C, referiu o presidente do município de İpsala, Abdullah Naci Ünsal.
Em comunicado, as autoridades regionais afirmaram que estão a efectuar buscas para encontrar os restantes dez migrantes e que abriram uma investigação sobre o caso, refere a PressTV.
Por seu lado, o ministro grego da Imigração e do Asilo, Notis Mitarakis, afirmou que «qualquer alegação de que [os migrantes] tenham sido expulsos para a Turquia é totalmente infundada», acrescentando que «a verdade por trás do caso não tem qualquer semelhança com a falsa propaganda» das declarações de Soylu.
Mitarakis, que estava em Lille (França), para participar num encontro da EU sobre imigração, disse ainda que «estes migrantes nunca chegaram à fronteira».
Imperialismo, guerras de agressão, desestabilização e rotas de migração
A Turquia acusa com frequência a vizinha Grécia de expulsar os migrantes que procuram entrar na UE, enquanto Atenas, negando as acusações de que viola o direito internacional, afirma que está a proteger as fronteiras da UE.
A Grécia, que se situa numa das principais rotas de migrantes e refugiados provenientes de África, do Médio Oriente e da Ásia Central à procura de entrar na União Europeia, tem endurecido as medidas para manter os migrantes fora do seu território.
Além disso, acusa a Turquia de não limitar o fluxo migratório em direcção à Europa, depois do dinheiro que recebeu da UE nesse sentido.
As ingerências do imperialismo, as guerras de agressão da NATO e o apoio dos países ocidentais a grupos ditos «rebeldes» e «terroristas» que operam no Médio Oriente e mais além têm servido de rastilho para a violência e desestabilização em várias regiões do mundo, levando a que as populações fujam e procurem refúgio na Europa.
De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, o ano passado mais de 2500 pessoas morreram ou desapareceram ao tentar chegar à Europa a partir do Norte de África e da Turquia.