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Aquecem os motores para a greve geral em Valência

Activistas sindicais ocuparam, esta terça-feira, a sede do patronato valenciano, denunciando o papel que este assumiu nas enchentes de Outubro de 2024 e apelando à participação na greve geral.

Activistas sindicais no interior da sede do patronato valenciano, a 27 de Maio de 2025 Créditos / El Salto

Intersindical Valenciana, CGT, CNT e Coordinadora Obrera Sindical (COS) agendaram para amanhã uma jornada de luta em toda a Comunidade Valenciana, que conta com o apoio de centenas de organizações e entidades, para exigir responsabilidades políticas e penais pela «má gestão» durante a grande tempestade e as enchentes que atingiram a comunidade em Outubro último, com um saldo de 228 mortos e milhares de pessoas afectadas.

Os organizadores da greve geral apontam o dedo ao presidente da Generalitat, Carlos Mazón, a quem acusam de ser o principal responsável por uma resposta que qualificam como «criminalmente negligente», bem como ao patronato, que acusam de ter anteposto o lucro à segurança dos trabalhadores.

Na antevéspera da greve, esta terça-feira, activistas sindicais ocuparam a sede da Confederação Empresarial Valenciana (CEV), para denunciar o papel que o patronato desempenhou durante a Dana, fenómeno atmosférico também conhecido como gota fria, «ao não informar os trabalhadores, impedir que abandonassem o seu posto de trabalho e coagindo-os a que permanecessem, apesar das condições meteorológicas», referiu à imprensa Juan Miguel Font, da CGT València.

Segundo indica El Salto, a Polícia acorreu ao local e identificou todos os participantes na acção de denúncia, com a qual também se procurava chamar a atenção para a jornada de greve.

Numa conferência de imprensa anterior, as organizações sindicais sublinharam que a Dana não deixou apenas um rasto de devastação material, mas também profundas feridas sociais.

Em seu entender, «a má gestão» do governo autonómico liderado por Carlos Mazón traduziu-se na falta de alertas, numa resposta desadequada à emergência e numa reconstrução lenta e insuficiente.

Exigir responsabilidades e melhores condições para os trabalhadores

«Para o povo valenciano é claro quem é o máximo responsável», disse Beatriu Cardona, da Intersindical Valenciana, frisando que o político do PP espanhol não é único e apontando o dedo a inúmeras empresas, «que obrigaram as pessoas a ir trabalhar, violando a lei de prevenção de riscos laborais» e levando a que muitas perdessem a vida.

A culminar a jornada de greve, haverá uma manifestação, às 19h, em Valência (e também em Alicante e Castelló), com um lema que alude à exigência reiterada da demissão de Mazón.

No entanto, os sindicatos deixaram claro que a jornada de luta não se limita à pretensão da demissão do governante, nem à exigência de responsabilização penal do patronato envolvido.

Procura-se uma «mudança estrutural nas políticas autonómicas», indica o portal nuevarevolucion.es, bem como a atribuição de reparações às vítimas e o pagamento na íntegra dos salários aos 31 400 trabalhadores a quem foi aplicado o lay off.

Também se reclama melhorias nas condições de trabalho, incluindo a redução do horário laboral semanal para as 32 horas; o reforço dos serviços públicos; a reversão dos cortes aplicados aos sectores da saúde, educação e emergências, ou a defesa do direito à habitação – fazendo frente à especulação dos fundos abutre que se aproveitaram das enchentes.

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