Amnistia denuncia a extradição de Assange

 A Amnistia Internacional considera que a autorização do Executivo britânico à extradição para os Estados Unidos do fundador do portal WikiLeaks, Julian Assange, «põe em grande risco» o jornalista australiano.

A secretária geral da Amnistia Internacional (AI), Agnès Callamard, lamentou em comunicado a decisão adotada pela ministra do Interior do Reino Unido, que assinou a ordem de «entregar o jornalista australiano»  Julian Assange à Justiça dos Estados Unidos, onde é acusado de espionagem.

«Permitir que Julian Assange seja extraditado para os Estados Unidos pode colocá-lo perante um grande risco e envia um 'recado arrepiante' aos jornalistas de todo o mundo», disse a responsável pela AI. «Se a extradição se verificar (...) Assange pode enfrentar o risco de uma detenção prolongada», frisou Callamard. 

«As garantias diplomáticas dos Estados Unidos de que Assange não vai ser submetido ao confinamento solitário não podem ser levadas a sério, dado o historial» no país, acrescentou.

«Pedimos ao Reino Unido que se abstenha de extraditar Julian Assange, que os Estados Unidos deixem cair as queixas e que Assange seja libertado», apelou a secretária-geral da organização não-governamental, com sede em Londres. 

O Governo britânico confirmou esta sexta-feira a extradição para os EUA do fundador do portal WikiLeaks, Julian Assange, onde é procurado pela divulgação de uma grande quantidade de documentos confidenciais. 

«De acordo com a Lei de Extradição de 2003», o governo deve assinar uma ordem de extradição «se não houver motivos que parem a ordem», disse um porta-voz do Ministério do Interior britânico, confirmando que a ministra Priti Pratel já assinou o documento de extradição.

A decisão é um momento que pode pôr termo à longa batalha legal de Assange que tentou, durante os últimos anos no Reino Unido, evitar a extradição para os Estados Unidos.

Assange, de 50 anos, preso no Reino Unido, tem formalmente 14 dias para apresentar recurso.

Em reacção à ordem de extradição, o portal WikiLeaks já considerou que se trata «de um dia negro para a liberdade de imprensa e para a democracia britânicas».

«Qualquer pessoa, neste país, que se preocupe com a liberdade de expressão deve estar profundamente envergonhada com o facto de a ministra do Interior ter aprovado a extradição de Julian Assange para os EUA, um país que planeou assassiná-lo», refere o comunicado divulgado pelo portal WikiLeaks.

Lusa