«Julian Assange está em liberdade», declarou o WikiLeaks na sua conta de Twitter (X) esta terça-feira, explicando que o jornalista australiano, perseguido por ter revelado notícias incómodas para os interesses norte-americanos, deixou a prisão de máxima segurança de Belmarsh ontem de manhã, depois de ter lá ter passado 1901 dias.
«O Supremo Tribunal de Londres concedeu-lhe a liberdade sob fiança e foi libertado no aeroporto de Stansted durante a tarde, onde embarcou num avião e partiu do Reino Unido», acrescentou o comunicado divulgado na rede social.
Para o organismo que se tornou conhecido pela maior divulgação de documentos classificados dos EUA – mais de 700 mil documentos sobre actividades militares e diplomáticas norte-americanas, nos quais se expunham alegados crimes de guerra no Iraque e no Afeganistão –, esta libertação só foi possível graças à campanha internacional de solidariedade em torno de Julian Assange, que «abarcou organizações de base, defensores da liberdade de imprensa, deputados e dirigentes de todo espectro político, até chegar às Nações Unidas».
«Isto criou o espaço para um longo período de negociações com o Departamento de Justiça dos EUA, que conduziu a um acordo que ainda não foi formalmente finalizado. Daremos mais informação assim que possível», explicou o WikiLeaks.
Entretanto, vários órgãos de comunicação noticiaram que Assange se declarou culpado de um crime de conspiração para obter e divulgar informações de defesa nacional, ao abrigo da Lei da Espionagem dos Estados Unidos, e que os EUA dão por cumprida a «sentença», permitindo-lhe seguir em liberdade e regressar ao seu país natal, a Austrália.
«Depois de mais de cinco anos numa cela de 2x3 metros, isolado 23 horas por dia, em breve estará com a sua mulher, Stella Assange, e os seus filhos, que só conheceram o seu pai atrás das grades», afirma o WikiLeaks, para quem a «liberdade de Julian é a nossa liberdade».
Em 2012, o governo do Equador, liderado por Rafael Correa, concedeu asilo político ao jornalista australiano, que se refugiou na embaixada do país sul-americano em Londres.
Sete anos depois, em Abril de 2019, foi preso pela polícia britânica, pouco depois de Lenín Moreno, o novo presidente equatoriano, lhe ter retirado o asilo diplomático.
Desde então, esteve encarcerado numa prisão de máxima segurança no Reino Unido, com os familiares e a campanha de apoio a alertarem para a deterioração física e mental que o jornalista e editor estava a sofrer.
Julian Assange, que faz 53 anos no próximo dia 3 de Julho, enfrentava agora um processo de extradição para os Estados Unidos e uma pena até 175 anos de cadeia, ao abrigo de uma lei que foi aprovada em 1917.
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