Numa declaração intitulada «Nem coabitação, nem transição: o povo da Venezuela já decidiu», a plataforma soberanista rejeitou categoricamente a proposta de alguns grupos no sentido de «levar a cabo intervenções diplomáticas, políticas, militares ou de qualquer tipo na Venezuela», na sequência do processo eleitoral democrático que teve lugar no país sul-americano a 28 de Julho último.
Os movimentos sociais e populares que integram a Alba Movimentos destacam que a Venezuela é alvo de uma tentativa de golpe de Estado e que aqueles que hoje se atiram a esse país amanhã atacarão outros povos.
Neste contexto, o documento sublinha que «o respeito pela soberania e a autodeterminação dos povos é um princípio que qualquer projecto revolucionário deveria ter como prioridade». Mesmo no meio da pressão externa de carácter reaccionário, essa deve ser uma bandeira política nas relações internacionais, defende.
Acrescentam os movimentos que o destino do povo venezuelano será decidido pelas suas instituições legítimas, não pelos meios de comunicação, pela Organização de Estados Americanos (OEA), pelos Estados Unidos ou por qualquer país da região.
Sobre as sugestões realizadas por alguns sectores «progressistas» da região, os movimentos sociais e populares da Alba, que «conhecem, amam e defendem o povo bolivariano», repudiam qualquer intervenção que se destine a não reconhecer os resultados de um processo eleitoral concluído.
Tais insinuações – criticam – «não são outra coisa que o desconhecimento da sua soberania, e uma falta de respeito pela vontade do seu povo expressa nas urnas a 28 de Julho».
A este propósito, dizem ser conhecedores do «espírito democrático dos governos do Brasil e da Colômbia, e esperam que os seus dirigentes estejam à altura dos povos que representam e que os elegeram».
Mais afirmam que, neste contexto, que «nem Petro jamais entraria numa "Frente Nacional" liderada por Álvaro Uribe; nem Lula faria parte de uma coligação que Bolsonaro liderasse».
«A extrema-direita, antidemocrática por definição, jamais o permitiria. Não faz sentido, nem sequer pragmático, pedir à Venezuela que o faça», declaram.
«Não nos confundamos, nem nos enganemos: o inimigo continua a ser o mesmo, embora se disfarce com novas roupas e novas máscaras», afirma o texto, no qual se declara lealdade sem claudicar à luta pela «segunda e definitiva independência», e pela defesa da «soberania do nosso continente».
Num texto publicado quinta-feira à noite no Página 12, a Rede de Intelectuais e Artistas em Defesa da Humanidade (REDH) – Capítulo Argentina também se mostrou bastante crítica com a proposta «insólita» de um «governo de coabitação transitório e novas eleições livres» na Venezuela.
Além de perguntar aos dirigentes «progressistas» sul-americanos por que razão não respeitam os prazos legais em vigor na Venezuela, a Rede lamenta a plena sintonia com «o projecto de Washington» e pergunta a Lula e a Petro por que não «coabitaram» com os fascistas que assaltaram as instituições em Brasília ou com Uribe Vélez.
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