Apoiando o lema «Em solidariedade à Venezuela e defesa da paz na América Latina e Caribe», pelo menos 18 organizações e 38 militantes assinaram uma declaração contra as ameaças dos Estados Unidos à região.
Os subscritores exigem o fim da presença militar norte-americana no Sul das Caraíbas e reclamam ao governo brasileiro um posicionamento incisivo contra as manobras dos EUA.
Na declaração, assinada, entre outros, pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a União Nacional dos Estudantes (UNE) e o Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM), denuncia-se que a presença militar norte-americana viola o Tratado de Tlatelolco.
Esse acordo, assinado na Cidade do México em 1967, definia que a América Latina e as Caraíbas eram uma zona livre de armas nucleares.
O envio dos navios militares dos EUA para a região também viola a Proclamação da América Latina e das Caraíbas como Zona de Paz, adoptada em 2014 pela Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), alerta o texto firmado esta semana pelas organizações e militantes brasileiros.
Além disso, sublinham, o destacamento militar constitui uma afronta directa aos princípios fundamentais do Direito Internacional.
A declaração chama ainda a atenção para o facto de a operação norte-americana alegar como pretexto o combate ao narcotráfico nas Caraíbas, algo que o Relatório sobre Drogas de 2025 da ONU desmente, ao contradizer a narrativa de que essa região possui um intenso fluxo de drogas.
De acordo com o documento, cerca de 87% da droga produzida na América do Sul sai pelo Oceano Pacífico e apenas 5% pelas Caraíbas.
Os signatários pedem ao mundo que ponha cobro a esta «perigosa ofensiva», que pode abrir um «novo ciclo de violência na região» e põe em causa a soberania regional, refere o Brasil de Fato.
O texto denuncia igualmente a «dura ingerência» que o Brasil sofre, «com a taxação de 50% em produtos exportados para os EUA» a funcionar como forma de pressionar a Justiça «para que não puna os fascistas que praticaram a intentona golpista contra a legalidade e o processo eleitoral brasileiro, numa clara ação contra a soberania nacional».
Neste sentido, a declaração exige aos governos e parlamento brasileiros que se manifestem de forma contundente e firme «contra essa escalada militar dos EUA».
«A soberania de nossos povos não é negociável», declaram os signatários, sublinhando que «cada assinatura que apoia esta declaração é um ato de dignidade diante da interferência e um compromisso coletivo com a vida, a justiça social e a liberdade».
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