Encontravam-se a 185 quilómetros de Gaza e levavam com eles a ajuda humanitária que Israel recusa deixar entrar no território, com o objectivo de matar os palestinianos à fome. A Flotilha da Liberdade, um grupo de activistas de vários países, levava consigo, a par da ajuda alimentar e médica, a coragem, sabendo de antemão que podiam morrer na sua missão (Israel assassinou nove elementos da Flotilha em 2010, em condições semelhantes).
Na madrugada de segunda-feira, as forças israelitas interceptaram a embarcação Madleen e raptaram os 12 activistas que nela se encontravam. Entre os presentes estava a sueca Greta Thunberg e a eurodeputada franco-palestiniana Rima Hassan. As primeiras notícias da ofensiva israelita foram dadas através das redes sociais e davam conta de comunicações cortadas, emissão de ruídos ensurdecedores pela rádio, alternando-se com mensagens a ordenar o navio a mudar de curso, drones a sobrevoar a embarcação enquanto lançavam uma subsistência que causava asfixia e ardor nos olhos.
As autoridades israelitas tinham já ameaçado os activistas, afirmando que não iriam permitir que estes chegassem a Gaza. A promessa foi cumprida e, além do descrito, o Madleen foi invadido por soldados. Os militares ordenaram aos activistas a bordo que atirassem os seus telemóveis para a água e raptaram-nos, em águas internacionais, onde não têm qualquer jurisdição.
O ministro da Defesa. Israel Katz, já reagiu ao sucedido e congratulou-se com a operação. O mesmo anunciou que os activistas serão obrigados a ver vídeos com imagens do ataque de 7 de Outubro e acusou Greta Thunberg de anti-semitismo.
O Grupo Confederal da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde (GUE/NGL) já reagiu à detenção dos 12 activistas: «Esta interceptação, realizada fora das águas territoriais israelenses, constitui uma flagrante violação do direito internacional, incluindo o direito marítimo e humanitário. A prisão dos tripulantes e o confisco da ajuda destinada a uma população em situação humanitária imediata são inaceitáveis e claramente fazem parte de uma estratégia mais ampla para matar de fome e massacrar palestinos em Gaza, enquanto ocultam os crimes de guerra israelenses do mundo».
O grupo parlamentar do Parlamento Europeu instou os Estados europeus, a União Europeia, as Nações Unidas, e toda a comunidade internacional, a que condenem a detenção ilegal e exijam a libertação imediata e incondicional de todos os membros da tripulação. Além disto, é ainda exigida a entrada imediata e desimpedida de ajuda humanitária em Gaza, em total conformidade com o direito internacional e as ordens impostas a Israel pelo Tribunal Internacional de Justiça.
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui