A XXIV Bienal de Artes Plásticas da Festa do Avante! vai ser apresentada nos habituais três dias, 5, 6 e 7 de setembro, na Festa do Avante![fn] Bienal do Avante! – Quinta da Atalaia, Avenida Baía Natural do Seixal 2845-415 Amora-Seixal. Horário: sexta-feira das 19h à 1h30, sábado das 10h à 1h30, e domingo das 10h às 23h., Quinta da Atalaia, Seixal.
No concurso da Bienal do Avante! de 2025, a sua 24.ª edição, participaram 289 obras de 171 concorrentes, e destes o júri constituído por Acácio Carvalho, Ana Isabel Ribeiro e Filipa Pena selecionou 127 obras de 104 artistas que vão ser apresentadas na exposição. Uma vez mais, a diversidade de linguagens e áreas artísticas é uma constante, apresentando-se bordado em tela de algodão, cerâmica artística, colagens, desenho, escultura, fotografia, gravura, ilustração, instalação, pintura, vídeo e técnicas mistas, como revelou a organização.
Além das obras selecionadas no concurso será também apresentado, no espaço da bienal, a exposição «A insustentável leveza do poder» da artista Rita Andrade, que se assume como «uma artista comprometida», em que o trabalho se centra «no poder transformador da arte como um meio pacífico de comunicação. Defende os direitos humanos, inspirando-se nas suas viagens à Palestina e Honduras. A sua abordagem destaca a importância de uma pesquisa de campo imersiva para garantir uma compreensão profunda dos contextos que aborda», segundo texto da artista.
A Comissão de Artes Plásticas da Festa do Avante!, além de assumir o Espaço das Artes Plásticas da Festa, como «um espaço de diversidade e afirmação, permitindo aos visitantes poderem fruir com as obras de arte que em alguns casos lhes eram distantes, ao mesmo tempo que os artistas têm oportunidade para mostrarem os seus trabalhos nas mais diversas linguagens», assume-se também como um espaço de «resistência e expressão», apelando a que todos os artistas plásticos continuem a trazer a sua arte «como forma de questionar, refletir e transformar a realidade, para que a arte continue a ser um instrumento de luta, de esperança e de mudança, inspirando-nos a construir um mundo mais justo e mais belo», a exemplo disso, assinalamos entre as obras selecionadas, temáticas e reflexões sobre a arte e a atualidade como o ambiente e a sustentabilidade, a angústia destes tempos, o conflito em Gaza, a imigração, a fome, a degradação de valores, mas também sobre o amor e a paz, a afirmação de universos privados ou à liberdade, à esperança que trouxeram o 25 de Abril, o 1.º de Maio e todas as utopias.
O catálogo da bienal vai também integrar um excelente texto de Júlio Costa, com o título «Para que servem artistas em tempos de indigência?», no qual o autor, nos remete para a ideia que os artistas «servem para demonstrar que outros tempos são possíveis. Servem para retornar ao futuro, a uma perspetiva de futuro» e que essa possibilidade está em «encontrar rumo para este frenesi que nos assoberba é dar-lhe sentido, pôr as características dos tempos que correm ao serviço da humanidade. Para tal, é preciso projeto. Projeto que aprofunde a democracia cultural. Projeto que liberte a arte da lógica mercantilista/ consumista. Projeto que contemple a arte, em todo o seu processo e amplitude.»
Quanto a esta noção de posteridade inscrita a priori no objeto artístico, José Gil, diz-nos que «no processo artístico, os afetos que acompanham a construção das formas tendem a concentrar-se num único, o da alegria que provoca a expressão artística. Esta traz consigo a aproximação do outro: exprimir-se é expor-se e oferecer-se a outrem…»1, que nos leva à partilha da experiência do sensível e a uma transformação da vida quotidiana, presentes nesta exposição.
A Galeria Zé dos Bois2, em Lisboa, apresenta a exposição «Fricção Científica» de Beatriz Capitulé, até 6 de setembro de 2025. Esta exposição tem a curadoria de João Reis.
«Eu volto sempre às linhas. Como se revelassem alguma coisa. Procuram-se coisas, objetos. Mas nada se forma. As linhas dissolvem-se e diluem-se. Primeiro aparece o desenho, em papel e a grafite, às vezes a marcador ou a esferográfica, depois a manipulação digital, o acetato impresso, a retroprojeção, o redesenhar na tela com as dezenas de marcadores permanentes, e finalmente a textura da lã, pressionada na tela. É estratificado, o processo, demora.», disse a artista quanto ao seu processo ao criativo, segundo um texto de João Francisco Reis e Rafael dos Santos.
Este texto revela-nos ainda um (suposto) diálogo entre a artista, a assinalar diversos momentos do ato de criação, e o curador:
«(…) As perfurações da agulha no tecido, essas insistências, reencenam-se continuamente.
Ou se calhar nem é uma catástrofe. Mas então o que olhamos, na verdade?»
«Olhamos para as coisas em transformação, em frente.»
«Não sei se é bem assim. Talvez qualquer coisa a não ser feita, ou a ser desfeita. Qualquer coisa que se recusa a ser feita plenamente. Está-se sempre a interromper. São deformações criadoras, desaterros da percepção e do processo, a imagem como uma entidade instável. É a abstração como uma inteligência lenta e material. O compromisso com o inquietante e o inapreensível, uma prática estruturada numa forma de geologia estética, não só no motivo, mas para além disso; na transformação das obras num registo estratificado de pensamento, uma arquitectura do tempo e da pressão.»
«Não confundir um tijolo com uma obra de arte» é o título da exposição que Albuquerque Mendes apresenta na Galeria Municipal de Matosinhos3, até 24 de agosto de 2025.
Esta exposição realiza-se por ocasião das comemorações dos 20 anos da Galeria Municipal de Matosinhos. Com curadoria de Gonçalo M. Tavares, a exposição de Albuquerque Mendes dá «a conhecer a extensa, sólida e surpreendente obra deste artista plástico tão renomado nacional e internacionalmente. Maioritariamente constituída por obras de pintura, mas também instalação, a exposição é o resultado de um percurso que Albuquerque Mendes vem construindo no território de Matosinhos ao longo dos anos.»
«… uma continuação multifacetada de rostos soturnos, esgares sorrateiros, vislumbres maliciosos ou mesmo expressivamente lúbricos que compõem a sala de retratos do espaço galerístico.» é como Rodrigo Magalhães inicia um texto sobre esta exposição, afirmando depois, acerca da obra de Albuquerque Mendes, que esta, integra «os exercícios mais informais de colagens sequenciais de temas populares ou lascivos, se não mesmo pornográficos, cujas saliências adicionadas num todo, resultam em paradigmas inexactos de tradições especulativas de colocar em evidência a saturação nefasta dos media; os elementos retratísticos mais improváveis, cujo pressentido eco desdobra a sua formação em inquietantes resquícios assimiláveis à tradição histórica das belas-artes ou simplesmente em inverosímeis (porque demasiado fantásticas) planificações anatómicas de rostos invertidos ou de corpos solucionados em composições afastadas de uma realidade final.»
Exposição coletiva «Ser em Si… Todos os Caminhos», com trabalhos dos Estudantes da ESELx na Galeria Municipal Vieira da Silva de Loures4, até 23 de agosto.
Créditos
Como já vem acontecendo em anos anteriores, a Galeria Municipal Vieira da Silva, em Loures, volta a receber, uma exposição dos alunos da Escola Superior de Educação de Lisboa (ESELx). Um projeto que resulta do acordo de colaboração celebrado entre a Câmara Municipal de Loures e a ESELx.
A exposição «Ser em Si... Todos os Caminhos» apresenta um percurso das «múltiplas possibilidades de expressão e descoberta, através de uma seleção de trabalhos desenvolvidos por estudantes da licenciatura em Artes Visuais e Tecnologias, da ESELx».
Revelando também «um espaço de pluralidades, onde convivem diferentes linguagens artísticas, como o desenho, a cerâmica, a gravura, a escultura, a pintura, o vídeo, a fotografia e a instalação… Mais do que obras, são gestos experimentais e inquietações que se transformam em discursos visuais e simbólicos», como referem os textos de apresentação da exposição.
- 1. José Gil, O tempo indomado, Relógio D´Água Editores, 2020, pág. 76.
- 2. Galeria Zé dos Bois – Rua da Barroca n.º59 1200-047 Lisboa. Horário: segunda a sábado, das 18h às 22h. (No 49 (entrada pela Livraria).
- 3. Galeria Municipal de Matosinhos – Rua Alfredo Cunha 4450-510 Matosinhos. Horário: terça a sexta-feira, das 10h às 13h e das 15h às 18h; fim de semana e feriados, das 15h às 18h.
- 4. Galeria Municipal de Loures – Parque Adão Barata 2670 Loures. Horário: durante o mês de agosto, de terça a sábado, das 10h às 13h e das 14h às 18h.
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