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Casa das Histórias expõe inéditos da colecção pessoal de Paula Rego

Duas exposições com obras de Paula Rego (1935-2022), incluindo inéditos da colecção pessoal da artista, e peças sobre a temática do vestuário no seu universo criativo, são inauguradas quinta-feira no museu Casa das Histórias, em Cascais.

CréditosTiago Petinga / Agência Lusa

Sob o título «A Colecção da Casa das Histórias Paula Rego em diálogo com a Colecção da artista», e «Costumes and pictures: o vestuário na obra de Paula Rego», as duas mostras, patentes até 15 de Março de 2026, propõem leituras complementares sobre o universo temático e formal da pintora, revelou o museu, em comunicado.

Na exposição da Colecção da Casa das Histórias Paula Rego será apresentada pela primeira vez no museu, desde que foi adquirida pela Fundação Dom Luís I, a pintura Mother wears the wolf's pelt (2003) (A mãe veste a pele do lobo, em tradução livre), pertencente à série que retrata o conto do Capuchinho Vermelho.

O quadro em pastel sobre papel foi adquirido há um ano por 293 mil euros num leilão em Lisboa, e vai ficar em depósito na Casa das Histórias, segundo o presidente da Fundação Dom Luís I, Salvato Telles de Menezes.

A obra «foi adquirida porque colmatava a inexistência de pinturas desse período na colecção [da Casa das Histórias], e porque trata uma temática central na obra da artista», justificou o presidente da fundação.

A pintura irá juntar-se às obras Day e Night (1954), doadas ao museu pela família de Paula Rego após a sua morte, em 2022, The Exile (1963), e King Canute (1977), desde então adquiridas pela Câmara Municipal de Cascais também para o acervo da Casa das Histórias.

O percurso expositivo abrange desde as primeiras experiências de Paula Rego em Londres, na Slade School of Fine Arts, até à afirmação de uma linguagem própria, marcada pela articulação entre imaginação, literatura e comentário social.

Esta exposição irá ainda revelar obras inéditas, como um auto-retrato não datado, e o retrato da neta Darcey, assim como cadernos de desenhos da década de 1970, apresentados pela primeira vez ao público, que evidenciam o carácter experimental do processo criativo de Paula Rego, segundo o museu.

A exposição integra ainda obras emblemáticas como O pescador (2005), A última mamada (2012), Encontro com Adélia (2013) e Árvore das Musas (2007), refere a entidade.

Também foram incluídas três obras da série dedicada à «Depressão» (2007), nas quais Paula Rego aborda a solidão, o sofrimento e a incompreensão social face à saúde mental, partindo da sua própria experiência.

A segunda exposição, «Costumes and pictures: o vestuário na obra de Paula Rego», analisa a importância da moda e da indumentária na construção das personagens e das narrativas visuais da artista, cuja obra está representada em várias das mais importantes colecções públicas e privadas em todo o mundo.

Entre as peças apresentadas nesta exposição destacam-se o estudo para A prova (1990) e uma pintura da série O crime do Padre Amaro (1997). Pela primeira vez, peças do guarda-roupa do estúdio de Paula Rego são apresentadas de forma sistemática, em diálogo direto com as obras a que estão associadas, segundo o museu.

A mostra inclui cartas enviadas à mãe no início da década de 1950, ilustradas com desenhos onde a artista descreve tendências de vestuário, revelando uma atenção precoce aos tecidos, cortes e gestos do ato de vestir.

A partir dos anos 1990, «o vestuário assume um papel central na obra de Paula Rego, tanto na caracterização psicológica das figuras como na dimensão pictórica, intensificada pelo uso do pastel seco», nota a curadora Catarina Alfaro no comunicado.


Com agência Lusa

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