A exposição «Fazer Crescer a Vida – Rogério Ribeiro e o Neorrealismo» está no Museu do Neorrealismo1 em Vila Franca de Xira e poderá ainda ser visitada até dia 4 de outubro.
O curador David Santos, no texto para esta exposição, explora o compromisso deste movimento «com a ideia de reportagem sobre o povo olvidado», afirmando que «o realismo social português apresentou na variante lírica da sua expressão pictórica uma característica complementar decisiva, cuja importância, presente desde a génese do movimento, induz o reconhecimento de um valor estrutural», concluindo que «as manifestações de criatividade do nosso neorrealismo refletem um inequívoco valor poético, exigindo hoje uma reavaliação do seu estatuto.»
David Santos, afirma que «no campo das artes plásticas, Rogério Ribeiro foi um dos maiores protagonistas dessa experiência lírica identificada com o neorrealismo. Despertar os sentidos e a consciência profunda da condição humana constituiu o desígnio do seu trabalho artístico, com os olhos postos na força social e na poesia que o povo também pode significar. Muitos anos mais tarde, o artista recordará o neorrealismo como "um momento muito raro da nossa história contemporânea, momento onde uma invasão de esperança calou fundo nos homens, no coração dos homens".»
Como já foi referido no AbrilAbril, «Rogério Ribeiro legou-nos um exercício artístico indissociável das formas narrativas e simbólicas do neorrealismo, reinterpretando nas suas fases mais tardias muitos dos elementos temáticos, ideológicos e contemplativos desse realismo original».
A Fundação Carmona e Costa2, em Lisboa, apresenta a exposição «Código Civil», da artista Carla Filipe. Embora tenha inaugurado a 24 de maio, a FCC esta exposição só vai reabrir a 3 de setembro, por motivo de férias, e estará disponível ao público até 20 de setembro.
Nesta exposição, Carla Filipe «reúne várias obras concebidas ao longo dos últimos anos, pertencentes a diferentes séries de trabalho que, através de uma extensa e continuada prática do desenho, relevam a importância da arte nos modos de ver e relacionar arte, arquivo, história, política e vida, no percurso da artista», segundo texto de Pedro Faro, o curador da exposição, acrescentando que nas obras de Carla Filipe «pensa-se e desenha-se criticamente sobre a cidade, a habitação, o urbanismo, a imprensa, a condição da mulher, o exílio, o patriarcado, a religião, a política, a opressão, o povo, a revolução, o trabalho, a escrita, a criação, a desigualdade, a marginalização, a perseguição, os regimes e arquiteturas penais, o colonialismo e a descolonização, a guerra, a exploração, a saúde, a resistência, a sobrevivência, a luta, o direito ao amor…»
Nesta exposição podemos encontrar obras como Ter habitação é ter lugar e artigo 65 (2025), A poesia não está na rua (2025), 1.º Maio de 1982, Confissões de uma Batizada e Manual de consciência: caligrafias sobre o Estado Novo (2024-25), entre muitas outras.
Carla Filipe (Vila Nova da Barquinha, Portugal, 1973), assume-se como uma artista multidisciplinar, cuja prática explora criticamente a relação entre objetos de arte, cultura e ativismo. O trabalho de Carla Filipe muitas vezes mescla palavras e desenhos, usa artefatos como serigrafias, tecidos impressos e costurados, banners e bandeiras, cartazes e folhetos, colagens, cadernos escritos e artefatos ferroviários. Ela disse que foi influenciada pela propaganda política em Portugal que testemunhou em seus primeiros anos.
Acerca do seu percurso recente, podemos destacar algumas das suas exposições individuais, como a exposição antológica "In my own language I am independente" (Na minha própria língua sou independente)" em Serralves, Porto (2023), «Confissões de uma batizada», Centro de Artes do Arquipélago, S.Miguel, nos Açores (2022), «Hóspede», Galerie Carré, Villa de Arson, em Nice, França (2022), ou «Amanhã Não Há Arte», no MAAT, em Lisboa (2019).
«Pedro Cabrita Reis, Paisagem, Figura e Natureza Morta» é o título da exposição, que decorre na Igreja de Santiago, em Monsaraz, e na Biblioteca Municipal de Reguengos de Monsaraz3, até 5 de outubro.
Nesta exposição podemos encontrar cerca de duas dezenas de obras recentes de Pedro Cabrita Reis, entre pinturas e esculturas de parede executadas com materiais encontrados, da série «Natura Morta».
«Estes lugares obrigam-me a pensar noutra maneira de mostrar o meu trabalho e de proporcionar que pessoas que não conhecem o que faço o possam descobrir», explica o artista, uma das figuras mais relevantes da arte contemporânea portuguesa, sendo reconhecido essencialmente pelo seu trabalho multidisciplinar, onde o artista apresenta obras de pintura, escultura, instalação, fotografia e desenho e utilizando materiais simples e básicos, frequentemente encontrados, como aço, betão, vidro, luz de néon ou madeira.
Do seu percurso destacamos a representação de Portugal a nível internacional, na documenta IX (1992, em Kassel), nas bienais de São Paulo (1994 e 1998) e na Bienal de Veneza (2003 e 2013), e as suas obras em coleções como na Tate Modern, no Centre Pompidou em Paris, Ontario Art Gallery em Toronto e Museo Reina Sofía em Madrid e em Portugal, como na coleção da Gulbenkian, do Museu Serralves ou no Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT), em Lisboa.
O Centro Cultural de Lagos4, apresenta neste momento a exposição «One Off A Kind», de Noé Sendas, e vai decorrer até 27 de setembro.
A exposição de Noé Sendas propõe-se «como um ensaio sobre objectos fotográficos e desenho de Noé Sendas. Tendo como como base a série Crystal Girls, iniciada em 2009, publicada no livro Noé Sendas · Vanishing Acts, editado pela SKYRA, Milão, em 2020, o artista revisita e dá continuidade a esse seu modus operandi e desenvolve uma nova série, One-off, que dá o título a esta exposição, respetivamente, "One off a kind", que integra também uma instalação a ser exposta na black box da galeria e intitulada "Light for a Black Box"», segundo o texto de apresentação.
Na série «Crystal Girls», o trabalho que o artista desenvolve «está estreitamente ligado a uma vivência nómada do artista, no trânsito entre os seus ateliês situados num triângulo Lisboa/Madrid/Berlim e, neste aspecto, todo o processo de criação assentava numa prática, em que o laptop, o seu estúdio em viagem, foi o epítome do que conhecemos como "nómada digital"».
Créditos
O texto chama-nos também a atenção para as obras da série intitulada «One-off», que são inéditas e em «que cada fotografia contém em si o seu próprio negativo, isto é, única e irrepetível» e para «One off a kind», «enquanto instalação visual na sala de exposição, apresenta-se como um cruzamento de narrativas e de fragmentos de outras histórias, como uma deriva pela poética, e pelas referências que caracterizam a obra de Sendas. Uma coreografia de figuras, cenários e lugares que se projetam entre o cinema de época, o modernismo que a nossa memória resgata e, uma certa ideia de melancolia, presente na transformação manual de cada imagem que nos devolve o gesto que pode ser verbo, sensação, espelho e memória que é simultaneamente o índice de uma outra ficção.»
Noé Sendas (Bruxelas, Bélgica, 1972) estudou no Atelier Livre da Escola António Arroio e no Ar.CO, em Lisboa (1992), prosseguindo depois em contexto internacional, no Royal College of Arts, em Londres (1993), e no Art Institute of Chicago (1997).
- 1. Museu do Neorrealismo – Rua Alves Redol n.º45 2600-099 Vila Franca de Xira. Horário: De terça a sexta-feira e domingos, das 10h às 18h; sábados, das 10h às 19h.
- 2. Fundação Carmona e Costa – Rua Soeiro Pereira Gomes, Lote 1 – Lisboa. Horário: de quarta-feira a sábado, das 15h às 19h (excepto feriados).
- 3. Igreja de Santiago, Monsaraz- Rua de Santiago Monsaraz 7200-175, aberto todos os dias, das 9h30 às 13h00 e das 14h30 às 18h00: Auditório António Marcelino Biblioteca Municipal – Av. António José de Almeida 7, 7200-294 Reguengos de Monsaraz, aberto nos dias úteis, das 9h às 17h30.
- 4. Centro Cultural de Lagos – Rua Lançarote de Freitas, n.º 7, Lagos. Horário: terça a sábado, das 10h às 18h.
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