|FRANCISCO PALMA

Projetos artísticos em colaboração

«Glossário de A a Z… Até à Revolução!» em Coimbra, «Somos Todos Capitães-50 anos em Liberdade» em Braga, «Identidades Híbridas» em Almada e «Obras entre 2011 e 2025» de José Augusto Martins no Porto

Projeto expositivo «Somos Todos Capitães - 50 anos em Liberdade», Braga 25 Capital Portuguesa da Cultura, no Regimento de Cavalaria n.º 6, no Museu Nogueira da Silva e no Fórum Arte Braga, até 29 de junho
Projeto expositivo «Somos Todos Capitães - 50 anos em Liberdade», Braga 25 Capital Portuguesa da Cultura, no Regimento de Cavalaria n.º 6, no Museu Nogueira da Silva e no Fórum Arte Braga, até 29 de junhoCréditos / Braga25

«Glossário de A a Z… Até à Revolução!» é o título da exposição da Casa da Esquina, que pode ser vista na Galeria Pedro Olayo Filho, no Convento São Francisco1, pode ser visitada até ao dia 22 de junho.

Este projeto junta o encenador Ricardo Correia, o historiador Rui Bebiano e 10 ilustradores, e procura esclarecer alguns conceitos e episódios ligados à vida portuguesa no final da ditadura. Inserida no «Projecto Marquise», da Associação Casa da Esquina, a curadoria desta exposição coletiva de ilustração é de Ana Biscaia»,

Segundo o texto da folha de sala, é «a partir do livro Lado A: Cartas da Guerra (61-74) / Aerograma-Liberdade de Ricardo Correia e Lado B: Glossário de Rui Bebiano», que a Casa da Esquina lançou o desafio a 10 ilustradores para criarem imagens associadas aos conceitos debatidos no livro». Esta exposição assume a preocupação de despertar as pessoas para, através da Memória e História, trazer para o debate público temas como o Colonialismo, Crise de Estudantil de 1969, Guerra Colonial e a resistência contra a ditadura, entre muitos outros.

Exposição «Glossário de A a Z… Até à Revolução!», da Casa da Esquina, na Galeria Pedro Olayo Filho, Convento São Francisco, até ao dia 22 de junho  Créditos

A exposição apresenta trabalhos de Alice Geirinhas, Ana Biscaia, André Ruivo, Daniel Lima, Joana Mosi, José Smith Vargas, Madalena Matoso, Maria João Worm, Marta Monteiro e Sebastião Peixoto e tem textos de Rui Bebiano, o design da exposição coube a Ana Biscaia, Paul Hardman e Joana Corker.

A curadora Ana Biscaia, afirmou que «quando aconteceu a Revolução e se pintavam murais todos os dias, esta coisa do design gráfico estar escrito nas paredes, acaba por ser uma opção gráfica do design que não tenta fazer a ponte com esses dias, mas de alguma forma tem alguma relação com a liberdade que existia naquele tempo que eu não vivi, que não sei como foi, mas se for à procura descubro rapidamente, nomeadamente quando de facto os artistas trabalhavam em colaboração…».

A exposição integra também um programa de oficinas de ilustração e leituras das peças com o elenco e direção de Ricardo Correia.

O projeto expositivo de arte contemporânea «Somos Todos Capitães – 50 anos em Liberdade» está integrado na Braga 25 Capital Portuguesa da Cultura, decorre em diversos locais de Braga – num hangar do Regimento de Cavalaria n.º 62, no Museu Nogueira da Silva3 e no Fórum Arte Braga4e pode ser visitado até 29 de junho.

«Somos Todos Capitães» é um projeto curatorial de Paulo Mendes, debruça-se sobre os 50 anos da Revolução de 25 de Abril de 1974 em Portugal, momento que marca a transição de um regime ditatorial com 48 anos para um regime democrático e europeu, nas exposições «são apresentadas relevantes obras históricas e novas criações, acompanhadas por uma diversidade de documentação: desde filmes, arquivos fotográficos, livros, cartazes ou material gráfico. As peças vão dialogar com o contexto social, político e cultural do período histórico abrangido, entre 1960 e o tempo presente…», segundo texto do curador. Acrescentando ainda que «este é um projeto transdisciplinar que terá um carácter imersivo, privilegiando a experiência performativa do visitante enquanto ator da história, convocando a memória coletiva social, política e cultural, portuguesa e europeia», em que se criam relações entre as novas criações artísticas e obras históricas de importantes coleções institucionais de arte contemporânea.

Encontramos neste projeto obras de mais de 130 artistas de coleções privadas e do estado, bem como a contemporaneidade de artistas internacionais como Fernando Sanchez Castillo, Neal Slavin ou Kiluanji Kia Henda e de incontornáveis nomes da arte portuguesa como Júlio Pomar, Ernesto de Sousa, Mário Cesariny, Jorge Pinheiro, Jorge Vieira, Ângelo de Sousa, Paula Rego ou Ângela Ferreira.

Na perspetiva de Paulo Mendes, o «estudo da história é uma confrontação crítica e subjetiva». Num tempo de inquietação no qual factos e princípios básicos de liberdade são desvirtuados por discursos populistas, é importante relembrar que a Liberdade e a Democracia conquistam-se a cada dia. Sublinha-se a necessidade da consciência do passado para a projeção de um futuro «que se pretende plural e democrático», refere o artista-curador.

O Solar dos Zagallos5, em Almada, vai apresentar a exposição coletiva «Identidades Híbridas», de Porco Voador e o Cidadão Exemplar, podendo ser visitada até 5 julho de 2025.

Exposição coletiva «Identidades Híbridas», de Porco Voador e o Cidadão Exemplar no Solar dos Zagallos, em Almada, até 5 julho de 2025  Créditos

«Identidades Híbridas» é produzida pelos coletivos Porco Voador e o Cidadão Exemplar, que reúnem a vontade de organizar projetos em Almada, na área das Artes, como Fotografia, Desenho, Pintura, Escultura, Cinema e Música, há vários anos e em muitos locais da cidade. Participam nesta exposição: Adelino Chapa, Américo Jones, Carlos Laranjeira, Carlos Ribeiro, Carlos Alberto Ribeiro, Frederico Pratas, João Fonte Santa, João Miguel Fonseca, José Julião, Luís Miranda, Nuno Saraiva, Paula Rosa, Ricardo Castro Ferreira e Rui Silvares.

«Porque vamos gostando de fazer e de viver, de preferência acompanhados», é a frase que identifica este e outros projetos já realizados por estes coletivos, «possuindo um currículo enriquecedor na vida artística e cultural de Almada. Complementarmente, participam e organizam palestras, colóquios ou conversas sobre várias temáticas artísticas numa perspetiva de debate e partilha de saberes teórico/práticos, que permitem juntar artistas e contribuir para a formação de públicos informados», segundo o texto que acompanha a exposição.

O projeto de programação Cidadão Exemplar, composto por três artistas, foi criado em 2012 em Almada e organiza regularmente exposições e ciclos de debates em diversos locais de Almada. Da vasta programação já realizada ou em colaboração com outros grupos, destacamos no Teatro Estúdio António Assunção, em parceria com o Teatro Extremo, no Quarteirão das Artes em parceria com a NovAlmadaVelha, referimos ainda eventos realizados no Fórum Romeu Correia, Oficina de Cultura, Teatro Municipal Joaquim Benite, no espaço Meia Volta de Úrano - Casa das Artes e no Café Erva Limão, a cafetaria do Fórum Municipal Romeu Correia. O coletivo «O Porco Voador» é um coletivo de ação artística e cultural, que iniciou a sua atividade em 2018 e pretende intervir essencialmente no Concelho de Almada, seja através da apresentação de trabalho próprio ou produzindo e promovendo outras ações, por outros realizadas, entre os diversos projetos destacamos «Amplitude - Coletiva de Cerâmica», «REAGE - Programa de Eventos Artísticos Contra O Vírus» e «recorrências gráficas».

A «Galeria Serpente» no Porto apresenta a exposição de pintura «Obras entre 2011 e 2025» do artista José Augusto Martins, que decorre até 14 de junho.

Exposição de pintura «Obras entre 2011 e 2025» do artista José Augusto Martins na Galeria Serpente, no Porto, até 14 de junho  Créditos

«... A conexão entre pintura e literatura, interessa-me; não enquanto representação, ou ilustração, mas enquanto re-interpretação de um imaginário, de uma época, de ideias e valores, assimilados e vividos por outros, neste caso o escritor e sua época. (...)», escreveu o artista para esta exposição.

Em diversas obras de José Augusto Martins encontramos referências explicitas que nos remetem para obras literárias de diversos escritores, como exemplo, obra de pintura ou aguarela que se refere ao romance de Thomas Mann O Eleito, baseada no romance de Patrick Suskind O Perfume, ou que se refere ao romance de Eça de Queirós, O Crime do Padre Amaro, e ao romance As horas, de Michael Cunningham.

«Cada exposição é uma nova leitura do meu percurso, um diálogo entre obras que se encontram e se transformam no espaço expositivo. O conjunto de trabalhos apresentados reflete a continuidade da pesquisa sobre a relação entre literatura e pintura, a transição entre o figurativo e o abstrato, e a construção de narrativas visuais contemporâneas», refere o autor.

  • 1. Convento São Francisco – Avenida da Guarda Inglesa, nº 1ª 3040 193 Santa Clara, Coimbra. Horário: quarta a segunda-feira, das 15h às 20h (última entrada às 19h30).
  • 2. Regimento de Cavalaria n.º 6, Rua do Regimento de Infantaria 8: 4710-273 Braga. Horário: dias úteis das 15h às 19h, fim-de-semana das 10h às 19h.
  • 3. Museu Nogueira da Silva, Av. Central 61, 4710-228 Braga. Horário: terça a sexta-feira, das 10h às 12h e das 14h às 17h; sábado, das 14h às 17h.
  • 4. Fórum Arte Braga, Av. Dr. Francisco Pires Gonçalves, 4715-558 Braga. Horário: dias úteis, das 10h às 13h e das 14h às 18h; sábado, das 10h às 13h e das 14h às 17h.
  • 5. Solar dos Zagallos, Largo António Piano Júnior, 2815-761 Sobreda. Horário: terça-feira a sábado, das 10h às 13h e das 14h às 18h.

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