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Sindicato recolhe provas para avançar judicialmente contra a Navigator

Trabalhadores da Navigator receberam notas baixas e avaliações negativas «exclusivamente por aderirem à greve», acusa o SITE CN/CGTP, que avançou com uma queixa à ACT e prepara um processo judicial contra a empresa.

Créditos / Navigator

«Recebi uma nota inferior à mínima exigida, mesmo com um histórico de bom desempenho há mais de vinte anos. O meu superior deixou claro, ainda que de forma velada, que isso se deveu à minha participação na greve», explicou, ao Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Centro-Norte (SITE CN/CGTP-IN), um trabalhador que pediu o anonimato para evitar mais «represálias» da Navigator. A citação está a ser divulgada pelo sindicato, num comunicado hoje tornado público.

O AbrilAbril já tinha denunciado as «pressões» que estão a ser aplicadas contra trabalhadores na Navigator, um importante grupo empresarial português de produção de pasta e papel. Segundo a União dos Sindicatos de Setúbal (USS/CGTP-IN), o patronato estará a forçar a saída de 54 trabalhadores que estiveram, nos últimos meses, envolvidos em acções de luta e organização sindical.

O SITE CN «não aceita» que se utilizem instrumentos de gestão como o sistema de avaliação para aplicar «represálias e punições», uma represália «ilegal e inconstitucional» porque, realça o sindicato, «o direito à greve é um direito fundamental garantido pela Constituição da República Portuguesa».

Representantes do SITE CN «confirmaram» várias denúncias feitas por trabalhadores, muitos dos quais «receberam notas baixas e mesmo avaliações negativas exclusivamente por aderirem à greve», o que tem um impacto directo nas suas «promoções e salários» e já levou alguns trabalhadores «a rescindirem o seu contrato com a empresa». A greve de 26, 27 e 28 de Dezembro teve uma adesão significativa, paralisando por completo a fábrica da Navigator durante os 3 dias.

Embora a empresa negue qualquer acção de penalização dos trabalhadores grevistas, o SITE CN já apresentou queixa das práticas da Navigator junto da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) «e está a reunir todos os elementos de prova para accionar os mecanismos legais necessários e adequados no sentido de defender os trabalhadores»: esta prática, se confirmada, «pode configurar assédio moral, passível de sanções administrativas e judiciais». A Navigator anunciou lucros de 287 milhões de euros em 2024.

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