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El Corte Inglés faz depender aumentos salariais de uma «avaliação de talento»

O El Corte Inglés, cadeia com 2 lojas em Portugal, aplicou um salário mínimo de 925 euros, «insuficiente» para o custo de vida e «discriminatório» para os trabalhadores com vários anos de carreira, acusa o CESP/CGTP.

Créditos / tripadvisor

Com apenas duas lojas no País, em Lisboa e em Vila Nova de Gaia (e 6 supermercados SuperCor), «os esforços dos trabalhadores do El Corte Inglés em Portugal geraram 36 milhões de euros de lucro à empresa em 2023», afirma, em comunicado enviado ao AbrilAbril, o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN). O anúncio de um novo salário mínimo na empresa, de 925 euros, não reflecte esse esforço.

«Neste país com políticas que favorecem as grandes empresas e desprezam os trabalhadores, o salário mínimo nacional é insuficiente para fazer face ao nível de custo de vida», considera o sindicato, para quem um aumento de 55 euros, «insuficientes» pouco altera na realidade destes trabalhadores. O CESP alerta ainda para a discriminação que é introduzida pela política salarial da empresa.

Os trabalhadores mais antigos «sentem-se desvalorizados porque os seus salários ficam pouco acima dos colegas que estão em início de carreira», explicou Susana Canato, dirigente sindical do CESP e trabalhadora do El Corte Inglés, ao AbrilAbril. Nas duas lojas, «a rotatividade é enorme porque os trabalhadores estão descontentes, trabalham sábados, domingos e feriados, com turnos rotativos e com salários baixos».

O subsídio de alimentação continua a ser de 6,10 euros, que não chega para fazer uma refeição dentro do próprio El Corte Inglés.

Esta situação deixa estes profissionais ainda mais dependentes do sistema de avaliação do El Corte Inglés: a «avaliação de talento». Segundo Susana Canato, o processo começa com uma autoavaliação dos trabalhadores que é, posteriormente, avaliada pelas chefias. «Depois, o trabalhador é chamado para ter uma conversa com a chefia, que é a Avaliação. A chefia diz os pontos onde o trabalhador tem que melhorar... e é isto».

«Não há transparência nem informação de mais nada, nem quais os critérios para os aumentos... nada». No comunicado, o CESP alerta que o sistema que está montado na empresa resulta em mais «subjectividade», a «cultura do medo», e as avaliações manchadas pelas «relações interpessoais», deixando na mão das chefias a decisão discricionária sobre quem merece, ou não, os aumentos salariais.

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