Em comunicado, o Sindicato dos Trabalhadores de Telecomunicações e Comunicação Audiovisual (STT/CGTP-IN) refere que pediu ao novo conselho de administração da RTP «aumentos salariais justos» em 2021 e a integração dos trabalhadores com vínculos precários nos quadros da estação pública.
As reivindicações foram transmitidas na primeira reunião realizada a pedido do STT com a nova direcção da RTP, esta segunda-feira, que se realizou à distância devido à pandemia de Covid-19, explica o sindicato em comunicado.
«Utilizámos esta primeira reunião para lembrar que em 2021 é necessário, urgente e inadiável que haja: aumentos salariais justos e actualização das cláusulas de expressão pecuniária, a resolução dos reenquadramentos pendentes, uma estrutura de carreiras que valorize e motive os trabalhadores, a integração dos trabalhadores precários nos quadros da RTP», sublinha o sindicato.
O contrato de concessão do serviço público de rádio e televisão, que se encontra em consulta pública, contém elementos que podem perigar a estabilidade e até a viabilidade destes instrumentos públicos. O Governo anunciou a sua intenção de rever, este ano, o contrato de concessão do serviço público de rádio e televisão, quando o mesmo deveria já ter sido objecto de alterações em 2019. Recorde-se que o acordo, que vigora desde Março de 2015, foi assinado pelo então governo de PSD e CDS-PP e tem 2031 como data de fim. Não obstante, o documento agora em consulta pública contém elementos que merecem análise, uma vez que está em causa o futuro destes instrumentos públicos de informação e cultura. Desde logo, no que respeita ao financiamento, a proposta do Executivo propõe a criação de novos canais de televisão (ao mesmo tempo que se prevê a extinção do Canal Memória) e encargos que podem aumentar até oito milhões de euros, até 2024. Todavia, as despesas previstas com estas iniciativas não estão definidas de forma exaustiva, ao que se soma a ideia de se liquidar a publicidade em vários canais, o que, em conjunto, pode agravar o reconhecido subfinanciamento crónico destes meios. Está ainda em cima da mesa a ideia de se estagnar os custos com pessoal, o que não só contradiz a ideia do lançamento de novos projectos, como indicia que não há intenção de proceder à valorização salarial e profissional dos trabalhadores da RTP, há muito reivindicada pelas suas estruturas representativas. Recorde-se que muitas das carreiras estão estagnadas há cerca de 20 anos, e está ainda por cumprir a regularização de cerca de 200 trabalhadores com vínculo precário, mas que ocupam postos de trabalho permanentes. Neste sentido, pese embora a proposta do Governo preconizar a valorização do serviço público no contexto da concentração dos media privados e da degradação da informação e entretenimento, há elementos na sua proposta que podem perigar o futuro da RTP e da sua actividade. Pelo contrário, se a RTP tiver acesso a indemnizações compensatórias pelo serviço público, se mantiver receitas de publicidade no digital e nos canais das regiões autónomas, então poderia ter condições de desenvolver a sua actividade sem riscos associados à falta de recursos financeiros, humanos e técnicos. E poderiam, nesse quadro, projectarem-se, com segurança, iniciativas de ligação próxima a mais regiões do País, de melhoria da cobertura da rede de rádio em todo o território nacional, ou de investimento nas infraestruturas técnicas destes canais. Este debate ocorre num contexto em que se põe em causa o normativo constitucional que consagra a não concentração da titularidade dos media, em detrimento de se seguirem opções ligadas às normas da União Europeia, que secundarizam o serviço público de rádio e televisão. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Nacional|
A RTP fica em causa com o novo contrato de concessão?
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Segundo o STT, a administração enviou, no dia 11 de Junho, uma mensagem a todos os trabalhadores da estação sobre o seu «Projecto Estratégico para 2021/2023».
Nesta mensagem, o novo presidente. Nicolau Santos, assumiu que está empenhado no desenvolvimento das carreiras profissionais, no compromisso de que os trabalhadores têm o direito de evoluir e de que os reenquadramentos e as contratações têm de ser desbloqueados, tendo inclusive solicitado uma reunião ao Governo.
Estas intenções foram igualmente assumidas pelo conselho de administração na reunião com o STT.
Por sua vez, o sindicato reclama «a aplicação de relações laborais e políticas de recursos humanos que motivem os trabalhadores com vista à melhoria do futuro da empresa», lê-se no comunicado.
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