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Após «calamidade», lesados pelos incêndios exigem mais apoios

Protesto em Lisboa de agricultores e produtores

Cerca de 200 pessoas das regiões afectadas pelos incêndios de 2017 protestaram esta sexta-feira, frente ao Ministério da Agricultura. Exigem do ministro uma resposta adequada, entre as quais a reabertura dos prazos e valores justos.

A concentração foi organizada pelo Movimento Associativo de Apoio às Vitímas dos Incêndios de Midões (MAAVIM), a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e a Associação Distrital dos Agricultores de Coimbra (ADACO)
CréditosTIAGO PETINGA / LUSA

Duas centenas de agricultores e produtores florestais afectados pelos incêndios de 2017 deslocaram-se ontem ao Ministério da Agricultura, no Terreiro do Paço, em protesto contra a burocracia dos processos de ajuda e a falta de apoios à reconstrução.

Insatisfeitos com a forma como o processo foi conduzido, exigem do Governo a reabertura das candidaturas, a revisão das tabelas de apoios e preços justos para a venda da madeira queimada, através da criação de parques de recolha geridos directamente pelo Ministério da Agricultura.

Entre os manifestantes, afirmaram estar «novamente abandonados após a calamidade», e que os valores atríbuidos pelo Estado são insuficientes e tardam a chegar. 

Ajudar quem quer trabalhar

«Muita gente nova, como eu, não tem trabalho nos próximos dois, três ou até mais anos. Muitos dos trabalhos na floresta vão acabar por uns tempos», afirmou um manifestantes presentes.

João Dinis, dirigente da CNA, que falava para os manifestantes, também reforçou esta ideia do apoio à produção, «pois muitos vão ficar sem conseguir produzir durante anos. (...) Se para os bancos já foram, neste Governo, mais de mil milhões, então para quem trabalha, para quem produz e vive do mundo rural tem que haver mais ajudas», reiterou.

Este deu vários exemplos de como as ajudas são insuficientes. «O Estado dá 65 euros por uma ovelha mas uma bordaleira Serra da Estrela vale 150, no mínimo. Para uma colmeia é 78, que ninguém compra por menos de 130, e para um motossera dão 200. Nem numa loja dos trezentos vendem por esse valor». 

O dirigente agricúla manifestou ainda surpresa com a atitude do ministério, que acusa de «tão burocratas». «Eles fazem-nos as contas, os técnicos, e agora o ministro vem dizer que nós é que as fizemos mal? Vêm agora fazer cortes e correcções nas ajudas quando têm margem no orçamento para 2018?», assinalou, urgindo quem recebeu menos que 75% do valor para reclamar por escrito.

Deputados apoiam protestos

A meio do protesto, durante o período aberto ao público, a deputada Ana Mesquita (PCP) pediu para intervir, em nome do seu grupo parlamentar.

Numa saudação, valorizou a presença dos manifestantes e frisou «não ser possível, após tantos meses, ainda estarmos à espera de medidas que ainda não foram implementadas no terreno».

«Quase tudo está por fazer, as casas e fábricas por reconstruir, os agricultores sem onde se agarrar. Muito pouco está a correr conforme suposto, e se nada for feito rapidamente, estamos a falar, mais uma vez, em abandonar o mundo rural e isso não pode ser», acrescentou.

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