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Perante o encerramento definitivo de urgências, médicos convocam greve para dia 24

Sem interesse em negociar, a ministra da Saúde convocou a FNAM para informar os médicos do encerramento definitivo de urgências obstétricas (Barreiro, Setúbal, Vila Franca de Xira) e de outras medidas para desvalorizar o SNS.

Joana Bordalo e Sá, presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM) 
CréditosJosé Sena Goulão / Agência Lusa

«As mulheres da península de Setúbal vão continuar a andar quilómetros e quilómetros e quilómetros para terem os seus bebés, é por isso é que eles nascem nas ambulâncias», lamentou Joana Bordalo e Sá, presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), à saída da reunião com o Ministério da Saúde. A solução anunciada pelo Governo PSD/CDS-PP passa por mandar encerrar, «definitivamente», vários serviços de urgência obstétrica, como é o caso do Barreiro, Setúbal e Vila Franca de Xira.

Ao contrário do que se faria prever, o encontro não serviu para discutir as reivindicações dos médicos. A ministra, Ana Paula Martins, limitou-se a informar a federação sindical sobre o «acto consumado» de vários diplomas que vão ser publicados, sem que tenha havido qualquer discussão com os médicos sobre eles. «Infelizmente, é este o tipo de negociação que o Governo de Luís Montenegro e o Ministério da Saúde, com Ana Paula Martins, querem fazer com os médicos, de forma muito pouco séria».

Ao contrário da opção do Governo, que retira cuidados de saúde primários de proximidade a centenas de milhares de pessoas, a FNAM defende que o caminho tem, necessariamente, de passar pela valorização dos salários e a criação de carreiras e condições de trabalho «dignas»: um caminho que o Ministério se recusa a trilhar. A federação sindical rejeita a solução do suplemento mensal de 550 euros para médicos que trabalham em urgências, primeiro, o salário base tem de ser «justo».

«Por 550 euros estão a obrigar um médico obstetra a ter que fazer 2 ou 3 urgências por semana de 24 horas... Isto não é compatível com uma vida profissional e uma vida pessoal e familiar», defende Joana Bordalo e Sá. A Federação Nacional dos Médicos decretou esta quinta-feira uma greve para o dia 24 de Outubro, abrangendo todos os médicos de Norte a Sul do país, incluindo as regiões autónomas, «tendo em conta esta falta de respeito que há pelos médicos e por esta intransigência em negociar aquilo que é necessário para termos médicos no SNS».

A ministra foi clara: «não há margem para alterar estes diplomas. Eles vão mesmo avançar assim» como estão, a aplicar a partir do dia 1 de Novembro. «Na defesa do nosso trabalho e na defesa dos utentes, na defesa do SNS, na defesa de todas as grávidas e de todos estes bebés que têm nascido nas ambulâncias indignamente», os médicos não têm outro caminho que não seja partir para a luta.

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