A informação já tinha vindo a público esta terça-feira, dia em que os trabalhadores da fábrica que abastece as padarias e restaurantes do grupo Celeste, de Guimarães (distrito de Braga), protestaram contra os pagamentos em atraso. Diogo Ribeiro, representante do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (SINTAB/CGTP-IN), trabalhador na fábrica da Polvoreira (Guimarães) há 12 anos, disse então à Lusa que os atrasos de pagamento começaram entre Abril e Maio deste ano.
«Nestes últimos meses, a empresa tem atrasado o pagamento dos salários. Não tem dia certo para o fazer e os trabalhadores hoje de manhã revoltaram-se. Falta pagar Junho e Julho e a empresa já disse que não sabe se vai poder pagar o subsídio de férias», acrescentou. Ontem, o sindicato divulgou um comunicado à imprensa no âmbito do pré-aviso de greve para uma paralisação geral nos próximos dias 8 e 9 de Agosto, onde contrapõe a realidade dos trabalhadores, a viverem uma crise «económica e familiar», aos «anúncios de pujança económica e investimentos na modernização, no que se integra a recente aquisição de nova frota de carros eléctricos para a área comercial e um camião de distribuição». Critica ainda o SINTAB que, «perante a melhoria de condições, negociada com a associação patronal [AIPAN] em Setembro de 2024», o grupo Celeste «decidiu reduzir ao máximo a produção de produtos frescos, do dia, com a eliminação do turno da noite para a quase totalidade dos trabalhadores, tendo-lhes já aí provocado grande diminuição de rendimentos».
Salienta a estrutura sindical que a aposta no produto congelado, «e total abandono do produto fresco», parece estar a revelar-se «uma má opção de gestão», que, «mais uma vez, se repercute directamente nos trabalhadores».
A greve de Agosto abrange todos os trabalhadores das empresas Celeste Actual e Conceitos Avulso, Unipessoal – esta «criada há meia dúzia de anos para a qual foram transferidos quase todos os trabalhadores, e que passaram a trabalhar em regime de terceirização», descreve o sindicato.
O grupo Celeste dedica-se à fabricação e comércio de produtos de panificação e pastelaria e ainda de refeições pré-preparadas. Possui uma cadeia de lojas, espalhadas pelo Norte do País, e fábricas em Guimarães, Caldas de Vizela e Ermesinde. Esta terça-feira, a Lusa tentou contactar a administração da empresa, mas sem sucesso.
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