«Durante todo este tempo as justas reivindicações dos trabalhadores foram sistematicamente preteridas e adiadas, por opção política dos sucessivos Governos», denuncia, em comunicado, a Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS/CGTP-IN), os trabalhadores da saúde estão cansados de esperar pela satisfação das suas reivindicações.
Tendo em conta «a falta de investimento no SNS e a desvalorização do trabalho dos médicos e profissionais de saúde», a ruptura nos serviços de urgência não surpreendeu a Federação Nacional dos Médicos. O encerramento de vários serviços de urgência, com particular destaque para os de Ginecologia e Obstetrícia, um pouco por todo o país – Almada, Portimão, Caldas da Rainha, Lisboa, Braga, Barreiro, Setúbal, Santarém –veio confirmar, «lamentavelmente», aquilo para o qual a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) tem alertado nos últimos anos. A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) deu nota este sábado dos constrangimentos que irão ocorrer no atendimento de alguns serviços de Obstetrícia/Ginecologia entre os dias 10 e 13 deste mês. Durante este período, estarão encerradas as urgências de Ginecologia/Obstetrícia do hospital Beatriz Ângelo (Loures), do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, do Centro Hospitalar de Setúbal, do Centro Hospitalar Barreiro-Montijo e do Hospital Garcia de Orta (Almada), a que se juntou o hospital de Braga, que também teve o seu serviço de urgência de obstetrícia fechado por falta de médicos, tal como os da ARSLVT. Aliás, há muito tempo que vêm surgindo denúncias sobre a falta de recursos humanos em várias maternidades do país, com especial incidência nos serviços de urgência. O número de especialistas de ginecologia/obstetrícia está muito abaixo do necessário para garantir o atendimento, nomeadamente na Guarda, onde deveriam ser 10 e são 8, em Leiria, onde deveriam ser 24 e são 18, em Setúbal, que deveria ter 22 e tem 10 e no São Francisco Xavier, que tem 14 mas deveria ter 22. Em 2020, dos mais de 850 especialistas que estavam no SNS, 46% tinha 55 ou mais anos, o que deixa antever a possibilidade de degradação nos serviços de obstetrícia, considerando que o Governo tarda em dar resposta a esta problema. Entretanto, face a esta situação, o Grupo Parlamentar do PCP já solicitou esclarecimentos ao Governo, no sentido de saber que medidas vai tomar o Ministério da Saúde para que situações como as deste fim-de-semana não se repitam e se o Governo tem conhecimento de outras unidades hospitalares que estejam em igual situação de ruptura, arriscando também o encerramento dos seus serviços de Obstetrícia/Ginecologia. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. «A política de acentuado desinvestimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS), como a que tem sido levada a cabo por este ministério – que ao mesmo tempo desvaloriza o trabalho médico e é incapaz de atrair e fixar os jovens especialistas nos locais onde são necessários – tem graves consequências para os doentes». Se esta situação não é ainda mais grave, considera a FNAM, em comunicado enviado ao AbrilAbril, isso deve-se exclusivamente ao «esforço, dedicação e persistência dos médicos e dos restantes profissionais de saúde». Sem esse trabalho, um número ainda maior de doentes veria a sua acessibilidade aos cuidados de saúde em situação de doença aguda reduzida. Exemplos disso são os «encerramentos de urgências de Cirurgia Geral, Medicina Interna, Ortopedia e Pediatria, entre outras, bem como as sucessivas notícias de sobrelotação das urgências existentes». É previsível que exista um «agravamento deste quadro à medida que se aproximam os períodos habituais de férias». Para a FNAM, a realidade vivida hoje nos hospitais portugueses é inaceitável. «Há apenas um caminho possível para garantir o normal funcionamento dos serviços de urgência do SNS, que o Ministério da Saúde deve adoptar sem mais demoras: acabar com a política de desinvestimento nos serviços públicos de saúde, valorizar as carreiras médicas, actualizar os salários dos profissionais de saúde e implementar o estatuto de risco e penosidade acrescido para os médicos». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Nacional|
Encerramento de urgências: «está na altura de o ministério ouvir o grito de alerta»
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Ruptura nos serviços de urgência de obstetrícia da região Lisboa
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«Ano após ano as promessas de solução sucedem-se e os problemas dos trabalhadores aumentam e agravam-se». Já é tempo de se abrirem os processos negociais para os trabalhadores deste sector, melhorando as suas condições de trabalho , fazendo a justa contagem do tempo de serviço e admitindo mais trabalhadores. Só assim se poderá «dignificar e valorizar» a profissão.
Em Abril, a FNSTFPS reuniu com a ministra da Saúde e com os restantes membros do seu gabinete, «a quem apresentou o conjunto de reivindicações que se mantém e que não tem sido objecto de satisfação por parte dos sucessivos Governos, e reforçou a necessidade de se iniciar o processo negocial do mesmo».
Tanto a ministra como a secretária de estado assumiram conhecer as reivindicações apresentadas pelo sindicato, tendo-se comprometido, nessa altura, a agendar em Maio uma reunião para dar início ao processo negocial. «Infelizmente, mais uma vez, tal não se concretizou».
«Perante este novo “esquecimento”, a FNSTFPS e os trabalhadores da Saúde não vão permitir que se replique nesta legislatura o mesmo que aconteceu nas anteriores, muitas promessas e nenhuma acção para a resolução dos problemas e das suas reivindicações».
A greve dos trabalhadores da saúde está marcada para esta sexta-feita, 1 de Julho, em Portugal continental e ns Açores. A greve foi antecipada para dia 30 de Junho no arquipélago da Madeira.
Os serviços mínimos serão assegurados em todos os serviços que funcionem, ininterruptamente, 24 horas por dia, nos sete dias da semana. O número de trabalhadores será igual aos domingos, turnos da noite e da época normal de férias. «Serão ainda assegurados os tratamentos de quimioterapia e hemodiálise já anteriormente iniciados».
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