Governo PS continua a não dar resposta aos «problemas estruturais» dos investigadores

Ontem, durante a sessão de abertura do Encontro Ciência 2023, organizado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e o Ciência Viva (a decorrer na Universidade de Aveiro), mais de 100 trabalhadores e investigadores científicos receberam os representantes do Governo PS, nomeadamente o primeiro-ministro e a ministra e secretário de Estado da tutela, em protesto. 

Bárbara Carvalho: «Querem investigação, mas não querem investigadores nos quadros»

Organizada pela Associação dos Bolseiros de Investigação Científica (ABIC), a Federação Nacional dos Professores (Fenprof/CGTP-IN), a Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS/CGTP-IN) e outras dez estruturas representativas do sector, a concentração deu continuidade à manifestação realizada no passado dia 16 de Maio, Dia Nacional do Cientista, contra a precariedade na ciência.

Denunciando a ausência de resposta por parte da tutela às reivindicações apresentadas há quase dois meses, os trabalhadores científicos exigiriam ao governo «as respostas concretas e definitivas a problemas estruturais com muitas décadas que optam por não dar», explicou Bárbara Carvalho, presidente da ABIC, em declarações ao AbrilAbril. 

Segundo a dirigente, diversas estruturas haviam reunido na véspera com a ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, e com o secretário de Estado, Pedro Teixeira: «dessa reunião não saiu nada. Foi-nos dito que, no contexto do Conselho de Ministros de dia 6 de Julho, se iria começar a discutir a revisão do Estatuto da Carreira de Investigação [ECIC]. Ora, mais do que a negociação para a revisão da carreira em curso, a carreira existe, por isso a resposta só pode ser uma: integração».

«Responder aos técnicos de investigação e gestores de ciência com contratos a termo, aos mais de 3 600 investigadores com vínculos precários e aos 13 000 bolseiros que têm o seu futuro hipotecado com a revisão de uma carreira que já existe é, no mínimo, anedótico».

Questionad0 sobre as afirmações de António Costa relativamente ao anúncio de um novo ECIC, já neste Conselho de Ministros, Nuno Peixinho, da Fenprof, esclarece que «isso foi dito em directo, em resposta à entrega da carta aberta com as reivindicações da luta dos trabalhadores científicos. O que vai sair é o Regime do Pessoal Docente e de Investigação do Ensino Superior Privado, há muito aguardado, para fase de negociação sindical e começar-se-á a discussão em torno do ECIC. Foi isto que nos foi transmitido pela tutela».

Ainda no dia de ontem, e em articulação com a luta dessa manhã, cerca de 80 investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade NOVA de Lisboa receberam em protesto o Presidente da República, o Reitor da instituição e a ministra e o decretário de Estado da tutela, que rumaram de Aveiro para a Caparica. As reivindicações são as mesmas: a integração dos trabalhadores científicos com vínculos precários (investigadores, docentes, gestores de ciência e técnicos de laboratório), o fim do Estatuto do Bolseiro de Investigação e a dotação orçamental e sustentada das instituições científicas.