«Não aceitamos que perante uma pequena redução dos fluxos turísticos, provocados também pelos alarmismos sociais que o efeito do aparecimento do Covid-19 está a gerar nas sociedades», isso «possa ser de novo utilizado» para «atingir os trabalhadores nos seus direitos, ou até servir para tentar colocar entraves à intervenção sindical», afirma o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Centro (CGTP-IN) numa nota à imprensa.
A estrutura sindical revela-se preocupada pelos efeitos do surto «a nível da saúde da população, trabalhadores e clientes», e denuncia, com base em «informação recolhida [...] em diferentes unidades hoteleiras e de restauração», que as medidas de prevenção «estão a ser implementadas, mas com bastante atraso, sem a orientação superior adequada e, sobretudo, com pouca visibilidade», podendo tal estar a contribuir «para uma maior insegurança dos clientes».
O sindicato diz ainda que, graças à «política de baixos salários» praticada no sector, o patronato possui uma «grande almofada financeira», capaz de «acomodar algumas possíveis quebras dos rendimentos previstos».
Para esse cenário tem contribuído o crescimento do turismo, desde 2013, em número de hóspedes, dormidas e proveitos. Apesar dos curtos salários e de os direitos da contratação colectiva serem «postos em causa todos os dias», «os estabelecimentos de alojamento registaram 27 milhões de hóspedes e 69,9 milhões de dormidas, no ano passado, o que corresponde a aumentos anuais de 7,3 e 4,1%».
«O rendimento médio por quarto disponível aumentou para 49,4 euros e o rendimento médio por quarto aumentou para 88,7 euros, o que representa um grande aumento nestes sete anos», acrescenta.
Não obstante, «cresce a precariedade laboral, os contratos a termo, o trabalho ilegal e clandestino, os ritmos de trabalho intensos, os horários longos de dez e 12 horas diárias e os horários imprevisíveis, pondo em causa a vida pessoal e familiar dos trabalhadores». Para o sindicato, estas são as razões que justificam que «milhares de jovens formados nas diferentes escolas profissionais de todo o país» não se fixem no sector.
«É uma mentira, mesmo que repetida muitas vezes, a afirmação dos patrões de que faltam profissionais para o sector. O que falta, isso sim, são patrões que aceitem dignificar os seus trabalhadores, melhorando os salários e respeitando os direitos», aclara.
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