O episódio visado foi transmitido no dia 20 de Novembro, tendo a matéria alvo de queixa à Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC) sido divulgada na rubrica de «actualidade criminal» do referido programa. Num comunicado divulgado esta sexta-feira, o MDM repudia o conteúdo divulgado, «não apenas pelo tom jocoso usado para tratar um crime de extrema gravidade, mas também pelo conteúdo difundido, que banaliza e relativiza aquele que é o crime com maior incidência em Portugal.
As activistas denunciam que, «de forma enviesada», o programa conduzido por Cláudio Ramos e Cristina Ferreira «chega a inverter o papel das mulheres» no contexto da violência doméstica e a «lançar insinuações sobre o alegado uso de queixas falsas como «arma de arremesso» em processos de divórcio ou regulação das responsabilidades parentais.
«É absolutamente inaceitável que, perante a gravidade deste crime, o foco seja desviado para a suspeita sobre as vítimas, como se o estúdio fosse um tribunal», acrescenta o movimento, salientando os efeitos «directos e profundamente negativos» deste tipo de abordagem na prevenção e combate à violência.
O MDM, que já apresentou queixa na ERC contra a estação de televisão, à qual exige responsabilização e retratamento público, adverte para o papel «determinante» da comunicação social na formação da opinião pública. «Ao dar palco a este tipo de discurso, a TVI contribui para a normalização da violência e para o clima de medo e desrespeito que a sociedade tem o dever de combater».
Nos primeiros nove meses do ano foram registadas mais de 25 mil ocorrências de violência doméstica. As 24 mulheres assassinadas entre 1 de Janeiro e 15 de Novembro, «e mais de 70% das vítimas a serem mulheres não dão – nem podem dar – lugar a "gracejos", "rábulas" ou insinuações ligeiras», lê-se na nota.
Esta terça-feira, 25 de Novembro, assinalou-se o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres.
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