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As nove vidas deste Gato Preto são sustentadas pelas vidas de quem lá trabalha

Os donos do Gato Preto solicitaram um PER face aos elevados prejuízos. Empresa estará a «pressionar os trabalhadores» a assinar declarações falsas onde afirmem «não ter créditos a reclamar», denuncia o CESP/CGTP.

A Loja do Gato Preto foi adquirida, em 2020, pelo grupo Aquinos 
Créditos / DistribuiçãoHoje

«Face aos atuais constrangimentos e pressões do mercado, que afetaram de forma significativa diversos sectores de actividade económica em Portugal, incluindo o retalho especializado», a loja do Gato Preto, detida, desde 2020, pelo grupo Aquinos, viu-se forçada a dar entrada a um Processo Especial de Revitalização (PER), «medida necessária para enfrentar e assegurar a continuidade da sua actividade», explica a empresa. Em 2024, a Gato Preto apresentou prejuízos de 15 milhões de euros.

O que não pode acontecer, afirma o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN), é a empresa estar a «pressionar os trabalhadores a assinarem declarações onde afirmam não ter créditos a reclamar». Não é quem trabalha e assegurou o funcionamento das 31 lojas em Portugal (pouco menos de 250 pessoas, menos uma centena do que era depois da aquisição pelo grupo Aquino) que tem de pagar para salvar a empresa.

O sindicato relembra que «todos os trabalhadores devem reclamar os valores em dívida que tenham a receber da empresa – e os que serão devidos caso haja despedimento (valores reclamados condicionadamente)!». Estes valores em dívida pelo Gato Preto «têm de ser reclamados directamente ao administrador de insolvência até dia 7 de Outubro».

«Os créditos dos trabalhadores têm de ser todos reconhecidos para que os trabalhadores possam votar o plano de revitalização e ter opinião sobre o futuro da empresa».

Estas práticas da empresa, de «condicionar e intimidar os trabalhadores, atacando direitos que são inalienáveis», não são admissíveis, considera o CESP: o Gato Preto e a Aquinos devem «respeitar a lei», «terminar de imediato as pressões e intimidações» e «pagar integralmente os salários, subsídios e todos os direitos laborais devidos». O sindicato continuará a prestar «todo o apoio jurídico e sindical a todos os seus sócios, acompanhando cada trabalhador na reclamação dos seus créditos».

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