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Hospital al-Shifa continuará a funcionar enquanto for possível, afirma director

Muhammad Abu Salmiya, director do Hospital al-Shifa, na Cidade de Gaza, sublinha o empenho do pessoal médico em manter a unidade a funcionar o mais possível, no meio da ofensiva israelita crescente.

As autoridades de saúde em Gaza confirmaram a morte de outro bebé palestiniano, de dois meses e meio, devido à fome. Khan Yunis, Sul da Faixa de Gaza, 28 de Setembro de 2025 CréditosAbed Rahim Khatib / Anadolu

«Continuamos a prestar cuidados de saúde à população da Cidade de Gaza, apesar da invasão em curso, dos tanques que se aproximam do hospital e dos bombardeamentos contínuos», disse. «As nossas equipas estão comprometidas com o seu dever», frisou Abu Salmiya, em declarações à imprensa.

O complexo hospitalar al-Shifa, o maior ainda a funcionar no Norte de Gaza, foi atacado e invadido várias vezes pelas forças de ocupação desde o início da ofensiva genocida israelita, em Outubro de 2023, tendo grande parte do edifício sido destruído.

O director hospitalar, que passou mais de sete meses nas cadeias israelitas e denunciou maus-tratos e torturas, alertou que o hospital enfrenta uma grave escassez de combustível e que, se fechasse portas, isso seria uma «catástrofe».

«Centenas de milhares de deslocados permanecem aqui e, se o hospital deixar de funcionar, milhares morrerão», advertiu, citado pela Al Jazeera.

«Bombardeamentos não pararam um só momento»

Também este domingo, o responsável da maior unidade hospitalar da Faixa de Gaza manifestou a uma agência noticiosa a preocupação do pessoal médico com a aproximação dos tanques israelitas, que estão a impedir as pessoas de aceder às instalações.

Muhammad Abu Salmiya disse ainda que «os bombardeamentos não pararam um só momento» e sublinhou as dificuldades com que a infra-estrutura se debate, a funcionar muito acima das suas capacidades, no meio de um número crescente de feridos e da falta de materiais e equipamentos.

Ibrahim al-Khalili, reporter da Al Jazeera, confirmou este quadro de dificuldades, afirmando que os profissionais de saúde «trabalham 24 horas por dia sob forte pressão, muitas vezes sem materiais ou equipamento médicos».

Com a intensificação «sem precedentes» dos ataques israelitas no terreno e dos bombardeamentos aéreos em vários pontos do enclave, o número de feridos que chegam ao hospital é cada vez maior.

Uma família deslocada: um morto e três feridos

Como exemplo, o jornalista refere uma família deslocada que recebeu ordens da ocupação para sair da Cidade de Gaza. Durante a caminhada a que foram forçados, os membros da família foram atacados pela artilharia israelita e ficaram feridos, este sábado.

Em declarações à Al Jazeera, o pai explicou que ele e os seus filhos seguiam por uma rua que as forças de ocupação haviam declarado como «passagem segura» quando foram atingidos.

«Fomos apanhados de surpresa quando um projéctil de artilharia israelita caiu sobre a minha família», disse o homem. «Sou pai de seis filhas e um filho. Uma das minhas filhas foi morta, outras duas e o rapaz ficaram feridos», acrescentou.

No Hospital al-Shifa, em busca de tratamento, disse: «Corremos de morte em morte, de matança em matança.»

Número de vítimas aumenta

Os bombardeamentos israelitas são mais intensos na Cidade de Gaza, mas, para onde quer que se desloquem, os palestinianos não estão a salvo dos ataques.

Milhares de palestinianos deslocados procuraram refúgio no Centro do território, em Nuseirat, Bureij, Deir al-Balah ou Maghazi, e também aí têm estado a ser atacados.

De acordo com as autoridades de saúde no enclave, de Outubro de 2023 até este domingo, a ofensiva genocida sionista no enclave provocou a morte a 66 005 palestinianos e deixou pelo menos 168 162 feridos.

Entre os mortos registados, encontram-se pelo menos 2543 pessoas que procuravam ajuda, desde Março deste ano.

Além disso, o Hospital Nasser, em Khan Yunis, confirmou, este domingo, mais uma morte devido à fome e à má-nutrição provocadas pelo bloqueio imposto por Israel. Trata-se de um bebé de dois meses e meio, identificado como Eid Mahmoud Abu Jamma, indicou a agência Anadolu.

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