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Poderosa jornada de luta por um «ensino público galego com futuro»

A jornada de greve desta quinta-feira no ensino público não superior, com manifestação em Compostela, é «a mais contundente dos últimos anos». Sinal do «mal-estar» dos professores, afirma a CIG.

A greve no ensino público e a grande manifestação em Compostela evidenciam o «mal-estar» dos docentes com as políticas da Xunta Créditos / CIG

Milhares de professores e estudantes encheram ontem as ruas da capital galega, no âmbito de uma jornada de greve convocada em protesto contra «a política de cortes e propaganda do PP na Xunta» e para reivindicar «a recuperação de direitos».

A Confederação Intersindical Galega (CIG) estima a adesão à greve em 60%, «a percentagem mais elevada dos últimos anos», com um aumento significativo no ensino infantil e primário relativamente às paralisações de 2023.

No entender de Laura Arroxo, responsável da CIG Ensino, os números evidenciam que os professores estão fartos das políticas do Departamento da Educação e exigem poder «trabalhar em liberdade, sem censuras ou imposições».

«Não vamos deixar que ninguém nos diga como fazer o nosso trabalho, nem que educação em valores temos de transmitir», declarou Arroxo antes da saída da manifestação em Compostela.

«Continuaremos a denunciar, também nas aulas porque é a nossa responsabilidade, o plano de extermínio do galego, o genocídio na Palestina e a depredação do meio ambiente que algumas empresas querem fazer no nosso território», explicou.

Recuperar e avançar nos direitos

Com a manifestação que partiu da Praça de Cervantes e terminou junto à sede do Departamento da Educação, os trabalhadores docentes do ensino não universitário voltaram a reclamar a recuperação e a conquista de direitos, nomeadamente ao nível da carga horária, dos rácios, das contratações de mais pessoal, do fim da burocracia inútil e do reconhecimento salarial e profissional do trabalho docente, explica a central sindical no seu portal.

Num manifesto lido no final, afirmam que sofrem com a «política insaciável» do Departamento, que lhes retira direitos ao mesmo tempo que «aumenta de forma obscena a propaganda e a publicidade».

Neste contexto, Laura Arroxo declarou que «esta greve é justa e é necessária», e que se trata do principal instrumento dos trabalhadores para manifestarem o seu mal-estar. «O nosso objectivo comum – disse – é a melhoria do ensino público galego e que nos respeitem e nos tratem dignamente, tanto a nível profissional como salarial.»

A responsável da CIG Ensino sublinhou que «as lutas valem sempre a pena» e que os docentes não podem parar até conseguirem recuperar o que é seu e avançar. «Hoje mostrámos que juntos somos mais fortes», disse.

A paciência… no limite

Denunciando «o abandono» dos estudantes mais vulneráveis como algo «transversal a todas as etapas do ensino», Arroxo declarou que a paciência dos docentes atingiu o limite, e insistiu na questão da privatização – «um mal que acelera ano após ano» e que a levou a questionar «quanto há de projectos eminentemente educativos e quanto há de negócio há por trás».

Em seu entender, os orçamentos do Departamento da Educação esclarecem esta questão. «Em 2025 estão abaixo do que se gastava em 2009, quando o PP recuperou a Xunta», disse, acrescentando que se mantém o número congelado dos docentes e «não se recupera o pagamento do Verão para o pessoal substituto, cada vez mais precarizado». Ao invés, denunciou «aumenta em 60% a despesa com propaganda».

Numa alfinetada aos sindicatos minoritários na Galiza, a CIG Ensino frisou ainda que não vê «as melhoras assinadas» num acordo, faz agora dois anos, com o então candidato Rueda.

CCOO, ANPE e UGT «viraram as costas aos docentes e, em vez de estarem hoje aqui, preferiram assinar uma folha em branco», acusou a central galega.

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