Num texto conjunto, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos e Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) destacam os testemunhos de familiares e advogados que visitaram este mês várias cadeias que Israel mantém nos territórios ocupados em 1948, e que permitem aferir a intensificação das práticas repressivas por parte da ocupação.
Ambos os organismos alertam que as declarações dos presos palestinianos reflectem uma escalada, sem precedentes desde Outubro de 2023, nas operações de tortura e nas campanhas de repressão levadas a cabo por unidades fortemente armadas no interior das cadeias.
Como exemplo da «repressão sistemática» que as autoridades israelitas continuam a realizar – no âmbito «de uma campanha contínua de genocídio e apagamento colonial contra o povo palestiniano» –, os organismos referem-se à utilização da fome como arma, à negação sistemática de tratamentos médicos e da satisfação das necessidades humanas mais básicas, «juntamente com políticas em curso que visam degradar a dignidade humana através de humilhação e abusos constantes, 24 horas por dia».
«Durante o mês de Dezembro, as equipas jurídicas documentaram múltiplos incidentes de repressão, incluindo os que se dirigem a mulheres e crianças», diz o texto, citado pela Wafa.
Na cadeia de Damon, onde estão actualmente detidas cerca de 50 mulheres, agentes do sistema penitenciário realizaram ataques no interior de várias celas, usando gás lacrimogéneo, obrigando as detidas a permanecerem deitadas no chão enquanto as pontapeavam e insultavam.
Noutra ocasião, vandalizaram as celas, forçando as detidas a permanecerem ajoelhadas, algemadas atrás das costas e de olhos vendados ao frio – denuncia o texto.
Frio usado como mais um instrumento de tortura
O sofrimento dos presos palestinianos agrava-se com o Inverno, devido ao frio intenso, à falta de mantas, roupas e calefação, alertam os organismos, que se referem a situações nas cadeias israelitas em que os detidos – muitos deles doentes, fracos e exaustos devido à privação sistemática de comida – são brutalmente espancados, em operações que envolvem choques eléctricos, bastonadas, cães, balas de borracha e gás lacrimogéneo.
Na prisão de Ganot (antes Nafha e Ramon), localizada no deserto do Neguev, vários dirigentes do movimento dos presos são mantidos na solitária, em «duras condições de detenção», incluindo Ahmad Saadat, secretário-geral da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP).
Saadat sofre de sarna e, tal como aos demais detidos, é-lhe deliberadamente recusado o tratamento médico, alertam os organismos de defesa dos direitos dos presos, acrescentando que vários líderes destacados se encontram na solitária há mais de dois anos, tendo sido submetidos nesse período a agressões e torturas.
Testemunhos recolhidos junto de presos encarcerados em Gilboa e Shatta também apontam para «um perigoso aumento da repressão, acompanhado de agressões físicas violentas».
Um dos presos palestinianos em Gilboa, Ahed Abu Ghalmi, deu conta de «repetidas agressões organizadas» e afirmou que o ritmo da repressão não abrandou.
Tal como noutras cadeias, em Gilboa muitos detidos têm sarna, apontou Ghalmi, tendo destacado o facto de o frio estar a ser de facto usado como mais um instrumento de tortura.
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