No encontro promovido esta quinta-feira pela Confederação Intersindical Galega (CIG), procedeu-se à análise das diversas formas de exploração laboral, que, no entender do secretário-geral da organização, Paulo Carril, fazem com que «hoje ter emprego não garanta o rendimento necessário para poder viver com dignidade». Após a realização da assembleia, no Multiusos Fontes do Sar, os participantes manifestaram-se pelas ruas de Compostela, até à Xunta de Galiza.
A assembleia realizou-se depois de as eleições sindicais terem confirmado a CIG como «a força sindical líder indiscutível na Galiza». A este propósito, Carril destacou que o importante «não é ser um sindicato com um grande número de filiações e representações, mas sim ser um instrumento útil e capaz, de contrapoder face à exploração de classe e firme na defesa dos interesses da classe trabalhadora galega».
O objectivo da central sindical é «acumular mais forças, mais poder sindical, porque onde há sindicato, onde está a CIG, há melhorias reais nas nossas condições de trabalho e de vida», disse o secretário-geral.
Restituição de direitos e conquista de outros
Com a campanha «Stop Precariedade! Trabalho Digno», agora lançada, a central sindical exige «uma nova legislação laboral e social que restitua os direitos perdidos e favoreça novos direitos».
Paulo Carril responsabilizou o «autoproclamado governo espanhol mais progressista da história» pela aprovação da última reforma laboral sem revogar as anteriores, promovendo a instauração da «pobreza laboral, a continuação das desigualdades de género e a extensão dos baixos salários», e pondo à disposição do patronato «mais meios para agravar as nossas condições de trabalho e salariais».
Essa reforma laboral, explicou Carril, multiplicou a precariedade e a contratação generalizada a tempo parcial, que substitui os contratos temporários e permite a utilização abusiva e fraudulenta dos períodos experimentais, pelo que os contratos são rescindidos por não ultrapassarem esse período, sem qualquer tipo de indemnização.
Neste contexto, referiu-se também ao aumento de lay-offs, ao reforço das empresas de trabalho temporário (ETT) e das agências de emprego privadas.
Esquema planeado para aumentar lucros agravando as condições de trabalho
O secretário-geral da CIG disse que esta situação resulta de um esquema planeado pelo capital, no qual os governos se comprometem com a aprovação de reformas laborais permanentes, agravando as condições de trabalho, gerando mais instabilidade e insegurança laboral.
Um esquema em que «as empresas transferem para o sector público os custos sociais de toda esta realidade de precariedade generalizada e de baixos salários que todos os anos caem mais no PIB», disse, citado pelo portal da CIG. Algo que se confirma, acrescentou, sabendo que «o 1% da população mais rica concentra três vezes mais riqueza que os 50% mais pobres, enquanto mais de 52% das famílias em situação de pobreza têm emprego».
Na sua intervenção, o secretário-geral da CIG acusou também o governo galego de partilhar estas políticas e «aquelas que reforcem a dependência económica e política da Galiza em relação ao sistema espanhol, negando um desenvolvimento galego próprio para travar o aumento do empobrecimento das camadas populares, a privatização dos serviços públicos, o envelhecimento imparável da população, a desertificação social e industrial de muitas comarcas e a contínua emigração por falta de emprego».
Trabalhadoras «invisíveis e precárias»
Por seu lado, a secretária das Mulheres da CIG, Nicolasa Castro, chamou a atenção para a instabilidade, os baixos salários, a contratação a tempo parcial e a precariedade que as mulheres sofrem.
Neste contexto, denunciou o aumento da disparidade salarial entre homens e mulheres devido ao maior peso das mulheres nas contratações a tempo parcial e temporárias (2,5 vezes superior ao dos homens).
Lembrou que a CIG formulou alternativas para reverter os efeitos das reformas, bem como medidas de conciliação «que se adaptem às nossas necessidades e não às das empresas».
Defesa da negociação colectiva
Já o secretario confederal de Emprego, Francisco González Sío, afirmou que para o capital é um objectivo fundamental acabar com a negociação colectiva, por ser «o principal instrumento de tomada de consciência colectiva, de solidariedade, de participação e de conquista de melhorias salariais e laborais que os trabalhadores têm».
Neste sentido, instou os delegados a dar prioridade, na negociação dos acordos, «à proibição e limitação das novas formas de exploração que nasceram com as novas reformas laborais», à defesa dos salários, à luta contra o chamado «diálogo social».
González Sío defendeu ainda que, face a essa concertação social, o único caminho é a luta e a agitação social. «Precisamos de ser capazes de parar, através da negociação colectiva, da mobilização e da greve, o empobrecimento e a perda de direitos», afirmou.
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