|Câmara Municipal de Lisboa

Carlos Moedas encontra «nova e demagógica bandeira eleitoral»

Com as eleições autárquicas à vista, a autarquia alargou os horários das bibliotecas de Lisboa «unilateralmente», acusa o STML/CGTP. Era uma das prioridades do PSD/CDS mas as negociações só começaram em 2025.

CréditosAntónio Pedro Santos / Lusa

«Um serviço público de qualidade, ao serviço da população e da cidade, só é possível respeitando e dignificando os trabalhadores, neste caso das Bibliotecas Municipais de Lisboa (Rede BLX), algo que Carlos Moedas preferiu ignorar», defende o Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML/CGTP-IN, num comunicado enviado ao AbrilAbril. Em causa está o alargamento dos horários das bibliotecas municipais, aplicado a 15 de Setembro.

Três das nove bibliotecas têm agora um horário alargado até às 20h: Palácio Galveias, Marvila e Alcântara. «Apesar de positivo, em teoria, para a população de Lisboa, é feito em detrimento do direito à conciliação com a vida pessoal e familiar dos profissionais da Rede BLX». Em Maio de 2022, o STML pediu a abertura de um processo negocial com a Câmara Municipal de Lisboa (CML) sobre o assunto, o que só veio a ser concretizado pelo executivo PSD/CDS-PP em Abril de 2025. Um atraso substantivo, já que o presidente Carlos Moedas afirmava que esta era uma das suas prioridades.

«Deduzimos que as prioridades reais deste executivo, face aos prazos referidos neste processo e os contornos que o marcaram, se prendam, em exclusivo, com as eleições previstas para 12 de Outubro, o que a todos os níveis é lamentável», afirma o sindicato. Após três reuniões com o STML, a CML apresentou uma proposta que suscitou, no sindicato, algumas dúvidas.

Dúvidas essas que ficaram sem resposta da autarquia. Carlos Moedas avançou «unilateralmente» com o alargamento dos horários das bibliotecas. Para assegurar estas alterações, a CML afirmava necessitar de 22 trabalhadores na Biblioteca Palácio Galveias, 12 na Biblioteca de Marvila e 16 na Biblioteca de Alcântara. À data, «nenhuma destas bibliotecas tem o número que a própria CML admitiu como necessário para aplicar um horário de funcionamento mais alargado».

O STML alerta que, mesmo admitindo «um ou dois reforços no tempo imediato, nesta ou naquela biblioteca, a verdade é que nenhum trabalhador entra em funções plenamente conhecedor da realidade que passou a integrar, ou seja, precisa de formação e de tempo para se adaptar, conhecer e depois assumir plenamente as suas responsabilidades profissionais».

«Na política do “vale tudo”, são sempre os trabalhadores que suportam a factura da política unicamente virada para os resultados eleitorais», considera o sindicato, que não encontra outra explicação para a aplicação atabalhoada desta medida. A prioridade, acima de tudo, para Carlos Moedas e para o PSD/CDS-PP foi «a criação de uma nova e demagógica “bandeira eleitoral” a apresentar aos lisboetas».

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