|Loures

Este sábado limpa-se o terreno do Talude, onde famílias voltaram a dormir ao relento

No Talude, onde a Câmara de Loures destruiu mais de 60 construções, Vida Justa e moradores, que agora dormem ao relento e em tendas, apelam à mobilização solidária para jornada de trabalho e limpeza, este sábado.

CréditosRodrigo Antunes / Agência Lusa

Num comunicado enviado ao início da manhã desta sexta-feira, o movimento defende num comunicado que «a única coisa» que a autarquia deu aos moradores do Talude Militar «foi entulho e destruição». Nesse sentido, amanhã junta-se aos moradores, a partir das 9h, para uma jornada solidária de limpeza do terreno e apela à participação de todos aqueles que possam ajudar. 

«A Câmara Municipal de Loures destruiu mais de 60 casas no bairro do Talude, deixando o entulho espalhado por todo o lado, pondo em perigo as mais de 60 crianças e as restantes pessoas que lá vivem», lê-se na nota do Vida Justa, que esta quinta-feira lançou uma carta aberta ao Governo contra os despejos nos concelhos de Amadora, Loures e Odivelas, e a exigir uma solução. Em menos de 24 horas, mais de duas mil pessoas e 60 organizações subscreveram o documento. Em declarações à Lusa, um dos responsáveis do Vida Justa acrescentou que várias famílias residentes no Bairro do Talude Militar, cujas casas foram mandadas demolir pela Câmara Municipal de Loures, voltaram a dormir esta noite em tendas ou ao relento, «sem qualquer alternativa».

O Município de Loures, liderado por Ricardo Leão (PS), iniciou na segunda-feira uma operação de demolição de 64 habitações precárias no Bairro do Talude Militar, onde viviam 161 pessoas.

No primeiro dia foram demolidas 51 construções, tendo a suspensão das operações sido decretada no segundo dia pelo Tribunal Administrativo de Lisboa, na sequência de uma providência cautelar interposta por 14 moradores. Entretanto, nas redes sociais, o presidente da Câmara Municipal de Loures tem agradecido comentários de utilizadores que sugerem enviar as famílias do Talude, onde a maioria das pessoas são trabalhadores cujos salários não lhes permitem alcançar uma casa, «para as sanzalas».  

Na Amadora, na Estrada Militar da Mina de Água, no antigo bairro de Santa Filomena, está prevista a demolição da totalidade das 22 construções ilegais, onde vivem cerca de 30 adultos e 14 crianças e jovens.

Na carta aberta, o movimento Vida Justa acusa também a autarquia de Odivelas e o Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) de realizarem «despejos sem apresentar alternativas habitacionais», confirmados à Lusa por duas moradoras do bairro na Urmeira.

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