O último inquérito realizado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Arquitectura (SINTARQ), com 597 respostas de arquitectos validadas, identifica um padrão insustentável no sector: 80% destes trabalhadores «afirma que o trabalho teve consequências negativas na sua saúde mental». Destes, a maioria faz frequentemente horas extra em horário noturno ou fora do horário estipulado, 55%.
«Mais de metade destes trabalhadores não recebe qualquer compensação pelo trabalho suplementar, perdendo entre 42 a 65 euros por mês», refere o SINTARQ, em comunicado enviado ao AbrilAbril. Uma minoria, 16%, admite mesmo «ultrapassar o valor máximo de horas extra permitido por lei nas micro e pequenas empresas que predominam o sector»: 175 horas anuais.
A desregulação dos horários e dos tempos de trabalho é incompatível com a «conciliação entre a vida profissional e a vida pessoal o que, em conjunto com o constante recurso a horas extraordinárias, contribui para o desenvolvimento de burnout». A acrescer aos horários de trabalho, os trabalhadores em arquitectura relatam a prevalência da «sobrecarga de tarefas, associadas a uma elevada exigência relativamente aos prazos atribuídos» e a «falta de condições dos espaços de trabalho, como a iluminação e o desconforto térmico».
Para além do lançamento de um abaixo-assinado (que pode ser subscrito contactando o sindicato) no sector, a exigir «a redução do horário de trabalho para as 35 horas semanais e o fim do trabalho suplementar não pago», o SINTARQ vai realizar uma reunião focada no tema «Saúde Mental e Trabalho em Arquitetura», no sábado, 19 de Julho, às 10h, em formato presencial na Casa Sindical do Porto e de Lisboa e também com acesso online.
Esta iniciativa vai contar com a presença de Helena Martins, membro da Comissão Executiva do Conselho Nacional da CGTP-IN e responsável pela área da Segurança e Saúde no Trabalho, e Sarah Maggioli, Psicóloga do Trabalho e doutoranda do Programa Doutoral em Psicologia na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto.
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